Barroco contemporâneo

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Idas e voltas
Navegações infinitas
Nau secular transbordando
Todo um mundo em seu deck
Ondas…
Só sobram ondas.
As quis mas falta mais
Como vais?
Gostaria de lhe pedir
A mão na minha
Sejamos dois corações apaixonados
Pendular,
Hora quer
Hora vai
Licurgo, me largue
Legislaste minhas perdas
Sem mais espaços
Divergindo entre espaços
Há muito tempo
Que estou sem
E ficou quem?
Só a tenho em memória
Deixou minha vida
Para habitar minha estória
Devaneios entre o que e o se
O fato é uma vida sem
Refletindo sobre como estar
Outras? Mais de cem,
De lugar em lugar
Se o lugar não colabora
Ressuscita-lá não será agora.

-R.C.

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Espera(nça)

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Tanta espera
Me desespera
Alucina
Não por cima
Mas bem dentro
Já não me concentro
Só penso em ti ignorando
Ah!, a ignorância…
Como cega tudo
Tudo ou nada, nada mudo!
Ou amor quente pra morrer
Ou morrer de falta de amor
Sem mais motivo pra ser
Sem ser a espera cheia de dor

-R.C.

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Despedida

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Vem cá, meu amor
Diz pra mim o que não devias
Por antes ser proibido
Agora já não mais
Conta pra mim teus segredos
De hoje e daquela época
Como você sentia aqueles abraços
Como tu sentias naquelas tardes frias e calorosas
Me explica tua cabeça
Naquela chuva que tomamos nós
Quase desnudos, com inocência
Uma alma prometida e outra talvez presa
Faz o que não devia
Mas o que eu preciso
Me beija agora,
Antes da minha partida
São os últimos momentos
A gente se entende depois
Tudo o que temos
É agora para saber
Por favor, me beija, me mata
Para eu saber se beijo
Ou morro
Ou vou sem beijar
E sem morrer
E sem você.

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Pra, por

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Pra quê?
Já havia acabado
Por que?
Pra me deixar nesse estado?
Pra quê?
Eu já morri tantas vezes
Por quê?
Dentro de mim tantos seres
E todos falando de um futuro obscuro
No coração e no pulso um muro
Pra quê?
Teu sangue já caiu
Por quê?
Meu sangue imita
Psiu!
MInha cabeça agita
Pra quê?
Já não tenho razão
Por quê?
Também não toca na minha mão!
Não levanta minha manga,
Não tira minha camisa!
Sem tocar as feridas
Azul de quem pisa
As feridas são suas!
As dores são suas!
A dúvida foi sua,
Mas colocou em mim.
Os cortes eram seus
Mas os fiz em mim
Com força de Zeus
Tirei tudo enfim
Pra quê?
Por quê?
Só você!
Não tem de quê!
A dúvida mata
Você me mata
Me embebeda
Me ceda
O mundo não me aceita
Digo não
Não pra tudo
Não pra mim.

-R.C.

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Amor e poema

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Na vida e nos amores, tudo vale
Sejam sorrisos ou dores, mas na pele
Pois se não tem romance
Vira poema
Se é só um lance
E não há dilema
Uma história bem contada
Pode ser comum indolor
Ou crônico sofrimento incolor
Sem cicatriz, dor ou nada
Só a expectativa de melhora
Ontem, amanhã ou agora
Volto a repetir…
Na vida e no amor, vale tudo
Se vier drama demais
Posso me usar de escudo
Ou entrar e viver na paz
Se não vira teatro
Vira poema
Se não poema
Espetáculo.

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Vamos tomar um café?

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Me sinto meio satânico
Por evocar um espírito
Um velho, comigo cínico
Num corpo de novo hábito
Mas convenhamos que uma convenção
Veio comigo de tantas aventuras
Depois de tudo, sorrisos e suturas
Vejo um erro do passado que necessita curas
Só te peço isso:
Um café, sorvete
Chocolate ou leite
Para tentar resolver
O que o tempo me deu de solução
E agora coloco-a em ação.

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Adeus

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Me pergunto como faria
Se me pedissem um último poema
Será que falaria
Sobre ti ou outro problema
Talvez algo diferente
Para o assunto ser convergente
Me pergunto com quem
Falaria se me concedessem uma última conversa
Não sei se existe alguém
Tão específico para desenvolvê-la sem pressa
Você não seria nunca, sei que
Não saberia o que falar a ti
Onde estaria
Se tivesse um lugar pra morrer?
Terra tão idêntica, só muda cultura
Não acho que diferença faria
Já que fecharei os olhos a esquecer
Indo pro próximo mundo pela sepultura.
Me pergunto se amaria
Caso me dessem essa opção
Mas com certeza deixava fria
O calor doloroso que é meu coração
Que me queima sem pedir
E dói sem se despedir
Agora pergunte de novo
Se falaria de ti no meu último escrito
Pois aqui estou, num quarto sem grito
Cautelosamente lhe escrevendo, pisando em ovo por ovo
Enquanto a arma desmonto, remonto
Tu podes recusar, fingir que não é contigo
Mas a assinatura que deixo não é traçado
Mas sangue não muito antigo
Tirado num estalo sem final, dando fim ao perigo
De uma vida já sem ti, já sem libido.

-R.C.

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Amor tão assim

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O mundo gira
A semana passa
A cabeça pira
Acaba fumaça
Mas é certeira
A sua lembrança

Na música do rádio
Ou da minha mente
O filme da TV
Ou do meu PC

Vai vir durante o banho
Ou durante a depressão
Olhando o céu diurno
Ou no vazio da escuridão
Só vejo em tudo seu olhar castanho
E seu cabelo loiro, em turno

É engraçado como fica
Um apaixonado sem alguém
Você de longe me explica
E eu sentado sem ninguém
No chão frio, azulejo
Sei que não é só um desejo

Tua voz é a verdadeira música
Teus passos a maior das danças
Teu rosto a maior arte plástica
Com teu toque nunca me cansas

Não consigo amar alguém de outro jeito
Sei lá o porquê dessa neura
Mas só preciso disso mesmo: amar a ti direito

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Meu sol

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Foi num campo de flores
Que percebi que ainda te amo
Não eram girassóis, tinham outras cores
O insight que tive foi mais insano
Na falta dessas flores vi como a vida mudara
Para uma eterna noite sem lua, por falta de ti
Meu sol
O astro mais brilhoso pro meu mundo
Há outros maiores? Talvez, mas aquela luz não me alcançara
Somente a sua, meu sol
Sou como sua flor predileta
Caído na sua falta
Sempre te olhando indiscretamente
Sem tentar, automaticamente
Devia ter pego pra ti flores de novo
Mas elas seriam ofuscadas pelo brilho do meu sol.

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