Amor pagão
Na fogueira arde
Fui contra o cristão
E deixei de ser covarde
Fogo forte, dor eminente
Logo a sorte foi, de repente
Luto pra poder,
Meu último artifício
Pr’um dia te ver
Farei sacrifício.
Faço descaso com relações
Materiais, espirituais
Entre mentes e corações
Junto de todos seus rituais
Não vejo mais sentido neles
Com não vejo nos toques em peles
Queria de novo sentir-me
Conectado a qualquer coisa;
Menina, arte
Até a mim mesmo.
Conectado pela internet até o Japão
Mas sem sentido
Não sinto-me nem comigo
Quem dirá com meus semelhantes
Eles são?
Alguns parecem
Mas se assemelham?
Nenhum deles lê e entende
Tentar sequer tentam
Perguntam tudo bem pela próxima pergunta
O caderno nunca foi material
Mas sim entidade
Me conectei de forma tal
A escrever e ter idade
E ver no poema que escrevi
Que alguém me compreende ali.
Mais que sobre a realidade versus artificialidade- trama bem explorada nas distopias modernas e, mais especificamente, pelo Black Mirror- o filme “Ela” (Spike Jonze, 2013) se trata de como nos relacionamos da mesma maneira em todos os campos da vida. Também é sobre um amor diferente do visto nos livros e poemas; um amor real e introspectivo, provindo de uma jornada de redescoberta de si.
O filme começa (genialmente) numa cena que viraria cotidiana no longa-metragem: Theodore (o personagem principal muito bem interpretado por Joaquin Phoenix) redigindo uma carta pra lá de tocante. O filme quebra as expectativas mostrando que esta é para alguém não relacionada ao protagonista, mas cliente da empresa na qual trabalha.
O envolvimento de Theo com a inteligência artificial ‘Samantha’ se dá de uma maneira controversa, mas natural (com a voz emblemática de Scarlett Johansson). Sem a possibilidade de materializar-se, pela falta de um corpo, Samantha se faz presente na vida do protagonista mesmo como um “computador”. Firmando-se como uma par-romântico, com sentimentos e pensamentos extremamente humanos se torna querida do espectador, além de uma verdadeira agente na vida de Theo.
A relação do protagonista com 3 mulheres principalmente faz a pergunta “a quem se refere o título ‘Ela’ se refere?” pode surgir, mas é só assistindo essa obra-prima do Cinema para chegar a conclusão: seria Samantha, a ex-mulher Catherine ou a melhor amiga Amy?
Fica mais que recomendado o filme “Ela” de Spike Jonze.
Ponto parêntesis Léo: conteúdos inspiradores e complementos
Antes de escrever essa resenha, dois vídeos me inspiraram a ver “Ela” e com toda certeza influenciaram minha maneira de assistir o filme (e creio que muito para o lado bom), por isso deixo aqui dois vídeos: um do Quadro em Branco, um canal do Youtube sensacional que trata de assuntos culturais-filosóficos-sociológicos de maneira sensacional (sou seguidor fiel do canal) e outro do Gustavo Cruz, um canal que conheci agora, mas com a produção interessantíssima. Fica a dica!
(Este vídeo trata mais da dimensão amorosa nos dias atuais, muito presente na discussão do longa, não se retrata diretamente ao filme em si.)
(Este traça paralelos entre “Ela” e “Lost in Translation”. Trás o background de criação do longa em questão, por isso tão precioso!)