Faltante

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Uma vez falei pros meus amigos
Que queria a “parte boa do amor”
Sexo, carinho e sorriso
No fim do dia olhar pra ela
Hoje, tô sentindo falta do amor inteiro
Até das brigas bobas
(Cara, para com isso…
Vocês se amam!)
Pode parecer idiota, carente
E sim, sou inteiro sozinho
Mas a saudade é de algo maior que uma metade
É de uma pessoa a mais
É o toque nas mãos delicado
O colo acolhedor a todo momento
A respiração apaixonada num argumento
Pela certeza que ninguém mais faria sentido
Mesmo que seja mentira
E venham mais duas, três, vinte
Naquela hora a paixão existia
E naquele momento valeu…
É, acho que sinto falta de amar
De sentir com medo e certeiro
Ao mesmo tempo
Sobre estar amanhã com alguém
Sinto falto do falso futuro planejado
Do abraço apertado
E de alguém
Mesmo sem saber quem é essa pessoa.

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Imprevisível

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Sentir junto, queria só
Mas a sós
Estou de pé
Sem chão
Tenho fé
Sem religião
Idéias formadas
Sem cabeça formatada
As coisas não são tanto como achamos.

-R.C.

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Paixão de ônibus

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Assim como quem me olha
Não deve ver poesia
Eu a ela olhava
E constatava calmaria
Nem acreditei no que ouvia
Aquela moça que passava
Tinha fones nos quais estava
Escutando musicas com tal bateria
Rock pesado, muito bom
Mas não imaginava tal menina
Ouvindo heavy metal em tal som
Perguntei porque, disse que não
Havia melhor, desatina
Os achismos só com aquele tom!

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​Eventualmente fantasmas eu vejo

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Por essas ruas é sempre a mesma coisa
Não dá pra dizer que variam cores
Se somente o que há
É uma em vários tons.
Não dá pra dizer que há só um fantasma
Quando se encontra um em cada esquina
E se mistura e engana todos brancos
Tantos tons e tantos dons
Há de se dizer que até nos bares
Cheios de gente, cores e mais
Não encontro cor alguma
Só fantasmas ali, mas minha é a falta de paz
É a sanidade inteira que os vendo jaz
Num casamento esperado,
Regado a clássico e jazz
Olho para o caderno e ao meus pés
Ando e escrevo sobre os fantasmas que reencontro
Em tons da mesma grafite e me desmonto
Pois a morte chegou a eles sem eu nem desejar.

-R.C.

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Tribos urbanizadas – As Crônicas de um Fotógrafo

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Desenho por Gabriel Rocha

Tradicional.
Quem sabe lenda
Assim pareça ficcional
Mas não espero que entenda
Poucos daqui valorizando o oriental
Se é tribal
E do ocidente,
Nem tente.
Após processo “civilizacional”
Chega-se a barbárie
Pagar o dízimo é praxe
Dizimar povos normal
Chamaria assassinato em série
Se fizessem parte
Do seu corpo social.
Mesmo que você amasse
Tentando apagar o passado real
A cultura resiste
É como se um cacique gritasse
Lutando pelo verdadeiro tradicional.

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Barroco contemporâneo

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Idas e voltas
Navegações infinitas
Nau secular transbordando
Todo um mundo em seu deck
Ondas…
Só sobram ondas.
As quis mas falta mais
Como vais?
Gostaria de lhe pedir
A mão na minha
Sejamos dois corações apaixonados
Pendular,
Hora quer
Hora vai
Licurgo, me largue
Legislaste minhas perdas
Sem mais espaços
Divergindo entre espaços
Há muito tempo
Que estou sem
E ficou quem?
Só a tenho em memória
Deixou minha vida
Para habitar minha estória
Devaneios entre o que e o se
O fato é uma vida sem
Refletindo sobre como estar
Outras? Mais de cem,
De lugar em lugar
Se o lugar não colabora
Ressuscita-lá não será agora.

-R.C.

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Canto preenchido

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E dormiu com lápis na mão
O menino que queria ser poeta
Mas em seus cadernos,
Folhas, comunicados escolares,
Outros livros ou na própria mesa
Desejava passar a escrever poesia
Ao invés da lírica realidade vivida.
Dormiu com lápis na mão
Na esperança de nos sonhos ser enfim um poeta,
E não mais só menino.

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Da cidade sobre as serras

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Na cidade pequena
O caminho dos pais é o destino dos filhos
A prole não contracena
Só assume paulatinamente os trilhos
Já na cidade grande
O caminho dos pais muda o destino dos próximos
Porém a opção se expande
A definição vem com os anos
É meu cemitério de vidas
De mim tiradas
Melhor dizendo, arrancadas
Como posso enterrar mais uma vez
Uma que continua sem mim?
Não há como evitar o luto
Pois luto para convencer-me
A deixar ir o morto
E planejar o novo com alegria
Mas não deixo de ver uma sangria
De relações humanas não-frias
Na verdade muito realistas e calorosas
Não são muitas listas,
Mas ali são amorosas
Pois bem,
Mais amores vou jogar ao além
Desta vez de amigo, eros, não importa quem.
Minhas escolhas agora importam
Mas meu psicológico cheio de emoções
Não se suportam.
Não sou de cidade pequena
Pouco importa meus pais no meu futuro
Sou protagonista desta cena
Da humanidade grito, não sussuro
Nasci na cidade grande
E o jeito dos meus pais, sigo por confiança
O medo do que vem muito arde
Mas é liberdade sem fiança.

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Espera(nça)

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Tanta espera
Me desespera
Alucina
Não por cima
Mas bem dentro
Já não me concentro
Só penso em ti ignorando
Ah!, a ignorância…
Como cega tudo
Tudo ou nada, nada mudo!
Ou amor quente pra morrer
Ou morrer de falta de amor
Sem mais motivo pra ser
Sem ser a espera cheia de dor

-R.C.

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