Onde?
Eu busco seus olhos nos céus,
busco teus sentimentos na lua
busco teus toques num cobertor
busco seus lábios em todo copo.
Eu te procuro nos lugares errados
Com medo de te achar.
-R.C.
Eu busco seus olhos nos céus,
busco teus sentimentos na lua
busco teus toques num cobertor
busco seus lábios em todo copo.
Eu te procuro nos lugares errados
Com medo de te achar.
-R.C.
O sentimento tem maior dimensão
Ou só ria ou só chore
Sem sorriso, o caixão.
Amar é viver em hipérbole.
Os homens se espalham
As mulheres ficam juntas
O celular como palha
A cada parada se desmonta
Cena pronta,
Vida falha.
-R.C.
Arte é um meio
De liberar energia vital
Quer esteja o copo cheio
Ou já no final
E não importa que máscara
Colocar nessa energia
É como chácra
Lá noite ou dia
Assume forma
De pintura
poema
Escultura
É quase desabafo
De bons e ruins
Sejam poucas e boas
Muitas sem fins
A arte
É trabalho
E o trabalho
Enobrece.
Livre de amarras, raízes
Eu vou onde quero
Ainda preso nos teus dizeres
Me espere que te espero
Livre para pensar nestes ares
Democracia no ponto singelo
Mas penso em outros pares
Eu imitaria o grande Nero
Liberdade suficiente
Pra beijar qualquer um
Mas que tua boca me alimente
É meu desejo comum
És livre pra ser experiente
Quero que não tente nenhum.
-R.C.
Eu pessoa
Eu ego
Altéres a toa
Caracteriso cego
Eu alma
Eu espírito
Ninguém se salva
Mas eu até minto
Eu corpo
Eu invisível
Há algo no copo
Líquido sensível
Eu mente
Eu sensação
Ninguém entendo
O poder do não.
Se não bater as asas, o pássaro cai.
Se bater fraco, ele se mantém.
Se bater forte, ele vai subir.
O pássaro, em momento nenhum, sai do nível que quer. Isso faz parte da liberdade do pássaro; ele sempre sabe quão alto ele quer estar, qual caminho ele deve seguir. Quase nunca você vai ver pássaros se batendo no céu, afinal, as nuvens não ocupam espaço, logo, não há porque brigar por este.
Mesmo assim, pássaros não voam todos no mesmo nível. Uns voam mais baixo, uns mais alto- outros, nem voam- e são felizes assim.
Eu queria a liberdade dos pássaros.
Estou a olhar a 20 minutos
Para sua foto.
Você sorri com todos os dentes
Para o fotógrafo
-eu, no caso.
Falo com a foto.
Ela não responde.
Mando a ti mensagens
Em rede social,
Pelo correio
(Quantas cartas devem ser?
Faz 365 dias já…)
Nelas eu sou triste
Tento falar com você.
Você não responde.
Vou na sua casa
Pergunto por que não podemos
Tentar.
Ao menos outra vez
Você olha nos meus olhos,
Mas não me responde.
Teus olhos azuis
São os mesmos da foto
Você é a mesma garota
Para quem eu escrevo a um ano.
Não igual,
Mas identitária.
Antes falávamos o dia todo
Hoje, você não me responde.
Amor pagão
Na fogueira arde
Fui contra o cristão
E deixei de ser covarde
Fogo forte, dor eminente
Logo a sorte foi, de repente
Luto pra poder,
Meu último artifício
Pr’um dia te ver
Farei sacrifício.
Era uma vez um homem
Sedutor de mulheres compromissadas
Não pra causar desordens
Mas para traírem e serem amadas
Comprarem o que do amante
Era mais marcante
O instinto primeiro
De quem abraça
É sentir o cheiro
Antes e depois do amasso
O vendedor de perfumes por inteiro
As queria, de graça
Conquistava-as, com esmero
Tirava-as da desgraça
Nunca possuiria
Completamente
Só o corpo, não a mente
Elas o riam
Sem saber o que sente
Só tesão, ele mente
O vendedor de perfumes
Escondia sentimentos
Como quem tira lumos
De quartos fechados
Hoje coleciona as mulheres tidas
Mas não tem solução de Midas.
-R.C.