Caos, só caos

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Quer-se da vida
Fazer romance,
Mas o passado
É o que acontece
Nada mais que acontecimento
Atrás de esquecimento.
Vive-se no hábito
Situação cômica
Querem ligar todo fato
Mas é livro de crônica.

-R.C.

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Paleta de cor

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A escuridão total
É o quadro em branco mais belo
A ser preenchido.
Não há igual
Tela a fechar os olhos
E vê-la pintando.
É só sem luz
Que as cores se expressam puramente.

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Desespero

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Não tenho tempo
Nunca o tive, nunca o terei
Pressa inútil, te direi
Pois deste caminho não sou rei
Não funciona comigo
Do mesmo jeito que com os outros
A escola é o menor mal
O seu conjunto aterroriza
Presente inútil
Preocupações bobas
Futilidades inteiras
Quero a realidade
Não aguento mais cópias
Quero sair dessa imitação.

-R.C.

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Provinciano

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Hoje puseste a escova junto à minha
Ontem fomos procurar casa.
Amanhã não sei como será,
Sei que você aí estará
Como é bom aos poucos
Amar como no tempo de loucos.

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Lugares impossíveis

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Procuro amor em todo lugar
Mas sempre que amo não sou
E sempre que sou não amo
E me prendo a maus amores facilmente
E não vejo lugar errado pra procurar
Só um que nunca acharei e nem acho
E é dentro de mim
Ali nem tento
Sei que não há interesse
Sequer amor
Sequer reciprocidade
Então não tento
E continuo nos maus-amores
Ou no não-amar.

-R.C.

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Pseudário do crescimento

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Como posso ser menino
Se até ontem havia barba em meu rosto?
Não que tenha sido repentino
Sem ela é mais difícil dar desgosto
O rosto fica pelado
A pele, os erros, deixa de lado.
O garoto joga,
Ele brinca com a vida
Tenta até ter gana
Mas a verdade é indevida
Esforça para o gol
Volta e toma dois
Não culpa dele que depois
Seu time não mais jogou
O grupo de trabalho
Saiu uma merda
Ficou colcha de retalhos
O garoto joga, sem medo da morte
Tantos amores sem nenhuma herda
Até que mesmo prevenindo, pediu que aborte.
Como posso não ser menino
Se não aprendi a lidar com tudo?
A idade bateu um sino
Com o qual me tiraram o escudo
Agora só me colocaram pra viver
Sem a mínima idéia do que fazer.

-R.C.

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Meta

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Falo do amor
Amor por compor
Sem dor de me expôr
Meu mundo impor
Pra quem ler supor
Que entende a dor
Que sente meu amor
Como passassem um sensor
Para ver meu suor
Se não verem, depor
E no clímax de tanto calor
Não vêem o real teor
Dos textos. O maior temor
É não expressar tal amor:
O texto rimador.

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