A tua imagem

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Você é uma daquelas pessoas que eu sempre olhei de longe, ficava pensando como a gente daria certo. Daquelas de olhar foto e ver que a cor dos nossos olhos se balanceia e que seríamos fotogênicos.
Na verdade, quando via seu feed, percebia como eu podia ser bom pra você; tanto ali, no social, quanto no pessoal. Temos os mesmos interesses mas não temos nada em comum.
Eu sempre vi você e pensei como eu seria um bom namorado, melhor do que qualquer um seu até agora. Eu ia dormir na sua casa e te levar café na cama. Mesmo que todos fizessem isso, o meu é diferente. Eu desenho um coração, suas iniciais, um passarinho defeituoso na crema no expresso. Eu faço expresso. Eu pegaria textos e decoraria pra você.
Eu sempre achei que daríamos certo, mas nunca acertei se dá pra eu ser feliz.

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Pessoas e seus sons

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Quando tudo que se precisa é de si
Qualquer lugar é bom
A companhia só pode acrescentar ou nem importar
E educação é tudo que se espera
Quando a paz está contigo
Não há fuzuê que te tire do sério
Barulho que se atinja sua consiência
Substância que o faça ter
A solidão é um presente as vezes
O zunido um silenciador
A multidão vira falsa companhia
E o silêncio nunca é matador.

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Meu sol

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Foi num campo de flores
Que percebi que ainda te amo
Não eram girassóis, tinham outras cores
O insight que tive foi mais insano
Na falta dessas flores vi como a vida mudara
Para uma eterna noite sem lua, por falta de ti
Meu sol
O astro mais brilhoso pro meu mundo
Há outros maiores? Talvez, mas aquela luz não me alcançara
Somente a sua, meu sol
Sou como sua flor predileta
Caído na sua falta
Sempre te olhando indiscretamente
Sem tentar, automaticamente
Devia ter pego pra ti flores de novo
Mas elas seriam ofuscadas pelo brilho do meu sol.

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Para nunca mais se sentir só

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Andei só. Meti-me nas ruas, a espairecer sobre minha enorme solidão, sem rumo ou objetivo.

Sento-me no meio-fio, chorando correntes, córregos, lagos, riachos, cachoeiras, rios mares, criando meus próprios oceanos, quando dois cães de rua acomodam-se cada um de um lado meu. O da direita tem pelagem preta, olhos caídos e vermelhos, dentes afiados que se expõem bastante a medida que ele abre a boca, sem eu entender a razão do ato. O da esquerda é cinza, mas tem manchas pretas, tão escuras quanto seu comparsa. Seus olhos são igualmente caídos, cheios de remela, seu andar é desesperador de tão lento. Sua expressão só piora com o pelo molhado pela chuva. Ah sim… a chuva. Ela começou momentos após a chegada dos cães, mas eles não se intimidaram. Afago cada um um pouco e sigo caminho. Mesmo andando, deixo o mais lento para trás e o outro me segue uns minutos, mas me abandona onde há mais movimento.
Observo bares abertos nas esquinas, e todos estão acompanhados, mas solitários. A simples companhia de um estranho não é suficiente para afogar um sentimento de solidão, intensificada pelo falar geral. Um falar desesperado, expressando, para fora, todo o vazio presente dentro. Um falar não conversador, somente auto-informador, como se devessem buscar, nos outros, a afirmação de uma verdade qual ninguém ali acredita: a vida vivida por quem ali está, é de fato, boa. Tenho a coragem de notar minha própria solidão, e afirmar ela, sempre atento a tudo a minha volta durante esse trajeto. Atravesso as ruas e encontro um grande bosque.
Ao olhar bem, vejo uma cadeira entre árvores. Talvez seja perigoso, mas, foda-se a minha segurança, sento ali mesmo. A posição permite a entrada de somente um feixe de luz da lua. Em momento algum paro de pensar nela. Em nenhum momento. Minha cabeça é povoada e cheia, ao passo que a minha vida é tão chata e vazia.
Volto a caminhar, atravesso o bosque, e em meio a plantas e plantas, dou de cara com um penhasco, onde só se vê e ouve o imponente mar. Sinto minha carne arder pelos espinhos que me cortaram, a chuva no meu cabelo, ouço atentamente o som das ondas abaixo de mim. Olho o mar e sinto algo estranho, mas presente todo o tempo, e, repentinamente, começo a relembrar a noite que passei. O que me faltaram foram pessoas, mas eu nunca estive sozinho. Tanto o mar, quanto a chuva, quanto a lua, os bares, e os cachorros tinham sido minha companhia, e eu não podia ser mais grato a eles.
 
 

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