Transporte privado

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O trem de ouvido
Que sem ser chamado
Sem medo de ser inxirido
Se mete em tudo
Cem em cem usam de escudo
Deixam o externo mudo
Parece até absurdo;
Um monte de surdo
Voluntário pra largar o mundo
Não sei se surto
Parece tudo morto
Bando de quieto
Mas dentro tá inquieto
Não me meto:
Se sai porque tem medo
Não me intrometo
Só acho meio cedo
Pra humanidade largar o credo
No outro
Pra ficar ali alheio
Com tantos no meio
Tudo solto
Dentro de um trem
Com o trem de ouvido
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Terror urbano

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Após o enorme sucesso dos super-heróis a vigilância tomou conta das ruas das cidades. Acabou-se com privado, vive-se na era das câmeras.
Passando pelas casas, todas tem o olho mágico digital, tornando segura a entrada e saída do lar, prevenindo assaltos e vandalismos.
Claro, também revela acontecimentos nunca antes vistos, como o casal se agarrando ao lado do portão, inofensivo, anteriormente infalseável se aconteceu ou não. Revela o escritor conversando sozinho na rua escura.
De carro, cá no centro, encontram-se os seguranças eletrônicos. Impedem invasões, assaltos a queima roupa, roubo de carros e de vendas.
Também ajuda a esconder a droga quando a polícia vai passar, caso entre para fazer revista. Ajuda a tapar a boca da criança sequestradas que tá no porão.
No topo de cada prédio tem um observador oculto, que ajuda em todos os eventos acima.
Porém, ela não só observa. Ela também faz circular.
Circula opressão pela vigilância. Circula o medo de ser pego fazendo nada demais. Circula o medo de ser mal entendido em um ato e ir a cana por isso. Circula o medo de ser o próximo alvo da violência, e isso lhe faz colocar mais uma.
E outra do lado oposto.
Mais uma dentro de casa, a empregada pode estar roubando.
A criança pode ser drogada, coloca ali pra ver o que ela faz.
O cônjuge pode estar traindo, no quarto também.
Hackeia a do celular, nunca se sabe pra onde está a essas horas… fala de trabalho mas pode estar na farra.
Ponha uma em mim também, será que mexem comigo de noite?
Uma na bolsa, talvez tenham me roubado e nunca iria perceber, mesmo olhando por todas as outras.
Ponha uma nas cabeças, vamos descobrir quem pensa coisa errada e punir.
Parece que agora todo mundo é uma câmera, e nem tem mais como se esconder.

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Meio louco

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Não me leve a mal, não me acho normal e tudo mais, mas ao olhar pra tudo eu vejo loucura generalizada- mas não loucura igual.
Uns lêem Marx, Engels, Mao Tsé e ficam loucos com o sistema. Eles esquecem tudo e resolvem lutar com todas suas forças contra ele. Ao 1º momento, é um ideal. No segundo, você sai à luta por ele. No terceiro, quebra um banco. No quarto, mata alguém. “Mas por que fazer isso?” “Eles são contra, só querem escravizar…”. O problema é que essa reação parece muito com outra.
Tem gente que trabalha 70% dos seus dias, sofre de gastrite (toma café pra ficar disposto pra trabalhar), câncer (relaxa fumando seu cigarrinho), insônia (logo, toma remédios pra dormir), depressão… e não recebe 60% do que deveria (sem contar o trabalho não pago). Ainda por cima, após tudo isso, clama por mais trabalho e critica quem luta contra. Não só crítica, mas pratica violência contra. Estão loucos de sistema.
Não me leve a mal, não sou a favor de um sistema como esse, que mata gente, sufoca vida e enlouquece de tantas maneiras… mas é realmente necessário cair nos extremos assim?
O mundo cria coisas tão diferentes, dá para não exagerar.
Tem gente que fica bem louco com tudo quanto é droga, tem gente que se tem química não chega perto.
Tem gente que nega deus e não aceita nada sequer próximo, e também outras que vivem de religião.
Há boas loucuras e más… porém não seria melhor um equilíbrio normal?
 

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