Uma tarde de chuva em minha antiga casa

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Como uma bandeira de um país que já não existe mais
Cujo hino já não se entoa
E o juramento há muito não é feito.
Mais que esquecido, abandonado
Jogado ao vento sem qualquer significado
Sem origem, sem final
Não eterno, não finito
Quase vazio, mas cheio de algo xoxo.
Se houvesse memória, seria pouca
Se fosse pouco, de nada valeria.

Não há motivo intrínseco para estar no mundo
Mas algo nisso incomoda muito…
Só vale se há grandes feitos?
se há motivações maiores?
Cansaço pela busca desse sentido
E não sei quando isto passará.

Quero salvar vidas mas minha alma se perde mais e mais.

-R.C.

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Dialética

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Não tenho sentido na vida que vivo
Não vejo futuro nesta situação
Mas não vivo nada tão incisivo
Negativo de antemão

Não é que sou triste
Só não estou feliz
Acreditei que quem insiste
Vive sempre o que quis
Espero que deposite
No meu quadro pouco giz
Pois exclamação se existe
Se anima com o que fiz.

Não tenho sentido na vida que vivo
Não vejo futuro nesta situação
Mas não vivo nada tão incisivo
Negativo de antemão.

-R.C.

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Ensaio resposta

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Já se foi a era da idealização
Os ensaios apaixonadas já não me apetecem
Eis aqui a desconstrução
De tudo o que acontece.
Se amor era reação,
A sua energia falta
Se havia tripartição
Mostro contagem mais alta.
Pois o amor de filho
Não é amor de pai
Amor perante empecilho
Ou amor que te distrai.
Se antes idealizado
Ele é temido
Nem perto de terminado
Mas não sei se consigo
Perante essa natureza volátil
Aceitar o sentimento sem batalha.
Antes era tão sensível,
Hoje só me atrapalha.
-R.C.
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Bilíngua

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Tem umas páginas em branco no meu diário
E não são aquelas dos tempos do primário
São recentes e presentes
Coisas do ontem ressonante

As linhas em branco, mas o espaço preenchido
Se posso ser franco, é silêncio assumido
Pois sumido estou deste discurso
Sou a borda rabiscada pelo percurso
A folha não tem mais frase
E eu espero que seja uma fase
Eu espero apertar o unfreeze
I just want this suffering to seize.

-R.C.

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