Luz não altera a claridez

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Persegui desejos tolos de parede a parede
A cada toque certo que os teria pego
A ausência da fonte me fez esquecer a sede
Demorei demais pra ver que sou cego
e menos luz ou mais não altera claridez
Quão cedo deixar de tentar, mais rápida será minha vez.

Não há resposta sensorial pr’um enigma metafísico
O problema primordial da solidão, paradoxo do útero
À cova, e quão mais próximo fico
Tanto faz o primeiro ou o último
Meus amores todos se foram por sequela
Intrínseca, só os observo pela janela

Tão novo, dizem eles, pra carregar tanta mágoa
A noite reserva delícias e ficas a sentir flagelos
Mas onde dizem ter flores, vejo segurar espadas
E se todos iguais forem, são igualmente fracos elos
Dispenso a ilusão dum presente
Quando o espinho nunca fura diferente.

Demorei demais pra ver que sou cego
Cobri o espelho pois não me vejo
Aposentei por hora meu ego
Pra distinguir o que é e o que desejo

Defenestro-me neste rio de areia

-R.C.

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