Recado pro canto do caderno

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Alguns gestos trazem lembranças
Cheiros incomodam um pouco
Mas são poucos em meio a tantas mudanças
Se passasse o dia pensando, seria um louco
Por aí cada esquina trazia arrependimento
Aqui o espaço ajuda o esquecimento

Às vezes
Olho para fotos
(Não suas, tê-las é contra minhas teses)
Vejo a época de compromisso e votos
O problema e que o voto maior se foi
Mas passado salva o bom
Apaga o ruim, dando o melhor tom
E não sei quando pararei
De ter essas visões
Lampiscos do que um dia amei
Mesmo já não tendo emoções
Te conto isso para explicar
Mesmo sem compromisso nenhum ou dívida
E ninguém ou você ter a quem culpar
Não se espante se eu nunca voltar
Nunca cruzar comigo nos cantos
Pois se nunca parar
É o necessário pra tirar-te dos sonhos
Farei com prazer e encantos
Irei de cá pra lá, pelos lugares ordinários e mais estranhos

-R.C.

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Desde o início…

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Honestidade é um perigo
Arma certeira e dolorosa
Usá-la requer alma habilidosa

Dor legítima,
Lastimável latência
Deplorável ardência
Espiar, contornar
Esconder, demonstrar
Luz do dia, ao luar
Omitir é mentira
Crime pior do que homicídio
A morte causada outrora
É a única verdade plausível

-R.C.

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Minimalismo megalomaníaco

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O mundo é grande demais
Pra amar só uma pessoa
Até disse pra um irmão como tava apaixonado por aquela mina
Ele olhou pra mim e declarou
“Você se apaixona por todas, não é?”
E ele tá certo mesmo,
Por isso amo todo mundo
Sem distinção e nem nada
Tenho sentimento demais dentro de mim
Para colocá-lo em uma só história
Vou distribuir este em várias
Até achar uma que caiba todo o resto

O mundo é grande demais
Pra viver em um só lugar
Amo cidades natais, de verdade
Mas eu vou renascer em cada uma em que pisar
Crescer naquelas nas quais dirigir
E morrer ao sair destas
E a cidade natal é tal como Jerusalém
Onde minha ressureição é continua e certeira
Até ir morar em outros planos que não o terrestre

O mundo é grande demais
Para pensar tanto antes de fazer
Ok se é uma decisão tão grande
E mudar sua vida pode
Mas pegar o ônibus errado
Errar na bebida e ter um porre mal amado
Amar a garota bem estranha
Estranhar o lugar onde foi parar
Parar no espelho e pensar como está sem noção de nada
Nadar no mar com um frio ferrado
Ferrar com a vida de um babaca desprezado
Prezar por quem talvez não te queira tão bem
Bem-querer a todos sem pensar quem é
Ser aquela pessoa sem pensar em quem ser

O mundo é grande demais
Pra ter a cabeça tão pequena
Ele vai rodar mil vezes
Até você deixar de ser tão quadrado
Ele é aberto e livre pra fazer um mundo de coisas
Para que pensar dentro da caixa?
O mundo é um livro em aberto
Onde escrevemos cada um um capítulo
E por mais que essa Bíblia tenha mais de 4000 anos
Quero mais que só algumas páginas
Várias histórias e reviravoltas
Um verdadeiro mito, não relato
Porque

O mundo é grande demais
Para viver em crônica
Ou ter só alguns contos
Quando pode-se ter romances
Performar vários dramas
Se deliciar em diversos poemas
E fazer de si mesmo um texto incompleto
Com começo, meio e sem final definido

O mundo é grande demais
Porque a vida é grande demais
E durante ela, ao invés de se fechar no seu pequeno mundinho
Pode-se abrir para o de todo mundo
E ter tantos universos sem saber qual escolher
Pois as opções são grandes demais.

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Inocência anos 80

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É muita inocência sentir falta do romantismo dos filmes Anos 80? Você não viveu aquela época, nem sequer lembra dela, mas tem saudades.
É muita imaginação querer tirar uma pessoa que você gosta muito pra dançar numa festa? Você não quer beijá­-la, só curtir aquele pequeno gesto e momento.
É idiotice pensar nos momentos, nas experiências que não se vivem nos dias de hoje? Afinal, o mundo é tão falsamente livre e verdadeiramente igual que as pessoas não querem mais uma vida de ficção.
Não sei se sobrou alguém que acredite nisso ainda, mas aquilo era um romance, mais verdadeiro que a realidade.
 

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