Eros puro

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O que é amor?
Seria dormir ao lado
E mesmo, após, acordado
Ao mesmo sonho se dispor
Ou ver nomes
E em nome de ambos
Ter atos nada santos
Para ver se a complicação some
Talvez mais simples,
Só olhar fotos
E ter desejo de consumar fatos
Não sei o que é amor
Como então posso saber
Quando estou a amar?

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Conceitos invertidos

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Queria eu mesmo era sentir o que sei
Ou ao menos saber o que sinto
Me tiro da situação fácil, e não minto
Quando digo entender o que evitar tentarei
Mas dificilmente evito o óbvio
Explicado por mim num passado não-mórbido
Poderia eu ao menos ter a quem amo
Ou amar a quem tenho
Pois quando amo persisto e me derramo
Para tentar tê-la, este é o prêmio
Mas se não a tenho, sigo a correr
E a quem tenho torno a perder
Talvez, quem sabe, poderia eu viver o que sonho
Não sonhar enquanto vivo
Gostar do que faço
Ou fazer o que gosto
Lembrar o que foi vivido
Viver para ter o que lembrar
Morrer sem olhar pra trás
Não olhar pra trás, com medo de morrer.

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Um novo Deus

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A natureza cúmplice
É uma de minhas poucas crenças
Raras, excepcionais, não-vice
Uma de minhas contradições e diferenças
Um mundo todo de observador
À olhar-me sentindo a dor
Mesmo não vendo um Deus
Messias, profeta e tal
Os ventos se padecem com erros meus
Se comportando de modo anormal
É simples observação
Não qualquer sobrenatural
Só simples demonstração
Do que acontece no bem e no mal
O sol abre e clareia
Ao som das minhas melhores histórias
A nuvem estraga, ferrenha
Quando assiste as minhas piores memórias
Só um efeito tão bonito
Complexo,
O qual assitir não êxito
Deixa-me tão perplexo
A cumplicidade natural
Vive no campo, centro, área rural

-R.C.

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Insônia por antecipação

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Algo me atrai
Em tudo que machuca
Meu coração trai
Logo menos ele caduca
Não basta socar ponta de faca sempre
É correr envolver com essa gente
Óbvio o futuro
Claro como água
Mas ele é tão obscuro
Queria mais uma trégua
Eu e o peito, trabalhando junto
Pra não ter outro leito sendo menos tonto
Unir os dois e impedir de rolar
Porque depois, quem vai querer se matar?
Essas promessas seriam boas
Se eu soubesse as manter
Mas vamos manter mentiras soltas pra se contradizer
Não tô fugindo de destino
Nem de um ponto final
Só que já imagino a gente se dando mal
Você me puxa para perto
Vamos juntos se quebrar
O coração não é experto
Já começou a se apegar
Mas não durmo com medo
Da lição que faltou, não aprendo
Só nos resta ou curtir
Ou antecipar.

-R.C.

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Princípio ativo da atração

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Acho que é comecinho de paixão isso que sinto.
Um tipo de esperança… mas não se sabe o que, porque se espera. Só sei que é um acordar bem sem muito saber do destino mas ter rota traçada para os braços de alguém.
Ter vontade de ver mesmo só tendo visto duas vezes, beijado uma e, apesar desse freios, conversado milhares. De que vale contato físico sem intelectual? E contato social sem vontade? A distância promove o proibido.
Talvez pela juventude ou pela ânsia por liberdade, sempre fui correndo atrás do proibido- mas nunca foram pessoas, sim atos. Essa contra-norma me atrai tanto…
Contra-normas sociais pela atitude, contra-normas mesmo cheio destas.
Façamos assim: não se pode mentir olhares, independente de qual encontro se encontra. Os seus (tão lindos e contemplativos, metalinguagem com os meus, quem sabe) me pareceram apaixonados sem saber nem poder, escondendo-se pela dona ser tal Contra-norma.
Minha norma era não mais se apaixonar mas, de pouco a pouco, é isso que acho que sinto.

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Gratidão à obra

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Tem dias que levantar da cama é só a primeira vitória
Enfiar algo na guela é por sobrevivência
Se depender de mim só como na última ceia
Pronto pra ir pra cruz
Há momentos que o sol é a desgraça
Por me lembrar que vivo
Que ando, sento
Não só existo
Até olhar no espelho é difícil
Olhar alguém odiado
Que não para de seguir e imitar
Minha única salvação
Acho que foi a poesia
Sem ela já tinha sido levado à muito.

-R.C.

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Humanidades

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Se há uma ocasião humana, é a morte
Ela independe de classe social,
Se tem azar ou sorte
Ou conhecimento cultural.
A morte não se importa com os vivos
Tanto faz quem ficou
Ela não dá mimos
E pra quem fica nunca facilitou
A morte não se importa com a vida
Se foi honrosa ou não
Mediocridade ou ascensão
Corta fio sendo de algodão ou seda
Ela não se importa com o morto
Se estava no banco do carro
Se se sujava de barro
Ou de alguém tirando sarro…
A morte só se importa com a própria morte
Portanto humana e egoísta.

-R.C.

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Dias de poeta

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Tanta poesia
Com a dor que já senti
No momento é cada um por si
Mas a gente se entendia
Bate as ideias forte
Dá epilepsia
Imediatamente
Seria assim eternamente
Poetas de tanto lugar
Unidos pela dor de estar
A agonia
De ser.
Com vossos poemas posso contar
Para voltar a harmonia
Nos meus dias de poeta
Quando a mente não fica quieta.

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Barroco contemporâneo

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Idas e voltas
Navegações infinitas
Nau secular transbordando
Todo um mundo em seu deck
Ondas…
Só sobram ondas.
As quis mas falta mais
Como vais?
Gostaria de lhe pedir
A mão na minha
Sejamos dois corações apaixonados
Pendular,
Hora quer
Hora vai
Licurgo, me largue
Legislaste minhas perdas
Sem mais espaços
Divergindo entre espaços
Há muito tempo
Que estou sem
E ficou quem?
Só a tenho em memória
Deixou minha vida
Para habitar minha estória
Devaneios entre o que e o se
O fato é uma vida sem
Refletindo sobre como estar
Outras? Mais de cem,
De lugar em lugar
Se o lugar não colabora
Ressuscita-lá não será agora.

-R.C.

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Tragédia não, crônica

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Mediante tantos questionamentos, gerados pelo momento social e época do ano, todos têm objetivos e querem algo. Inserido nesse contexto, você deve se perguntar: quais são minhas expectativas para mim?

Você quer emagrecer? Quer enriquecer? Precisa estudar mais? Já se esforçou e precisa de descanso? Terapia vai te fazer bem? Você está feliz, ou tem potência para?

Algumas respostas doerão. O peso precisa ser perdido, mas falta genética. O dinheiro é almejado, porém a crise cada vez mais aperta. O tempo de trabalho toma cada vez mais o de estudo. Não é porque se precisa que se terá- isso se encaixa para felicidade também. Não é porque a necessidade de ser feliz existe (talvez pela ditadura do bem-estar ou questões psicológicas) que ela será suprida.

Pelo momento social, fé em valores ou qualquer parâmetro existente, o mundo tem expectativas para você. Estudar, estudar, prova. Mais provas até vestibular. Se não passar, volte ao início, se der certo, volte ao início novamente. Provas e provas até concursos, entrevistas de emprego, sucesso profissional. Se tiver ou não, há de se achar amor- ah, desejo mesquinho de não estar sozinho. Procure o par perfeito- não, ele te encontrará. Enquanto isso, pegue e largue o que vier. Case, tenha filhos (de preferência 2, um menino e menina, para dá-lo a primeira playboy e ensiná-la bons modos). Aposente-se sem nenhuma conquista grandiosa por você, sem ser, quem sabe, um campeonato de futebol ganho entre ex-colegas de faculdade. Morra e tenha flores no enterro, mas um epitáfio genérico (o além condiz o aquém).

Pegue as suas expectativas consigo e subtraia as sociais: esse é o futuro mais miserável possível, e o único plausível com sua moral de rebanho não superada.

De mais vale, indo contra a escravidão da vontade geral- democracia de porcos -saia da ignorância maior num grito de individualidade falho, e vá até o topo do prédio onde mora (e faltam somente 20 prestações para quitá-lo) e tire as vestes- por um momento lembra-se de alguma notícia haver com 3 da tarde, mas ignora o pensamento.

Tenha o último lapso de unidade consigo enquanto cai e tire seus grilhões junto da vida.

-R.C.

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