Artes
Arte é um meio
De liberar energia vital
Quer esteja o copo cheio
Ou já no final
E não importa que máscara
Colocar nessa energia
É como chácra
Lá noite ou dia
Assume forma
De pintura
poema
Escultura
É quase desabafo
De bons e ruins
Sejam poucas e boas
Muitas sem fins
A arte
É trabalho
E o trabalho
Enobrece.
Eu lírico
Arrisco me chamar de poeta clássico
Não pela forma
Mas pelo meu formato
Respiro poesia, transpiro lirismo
Todo papel é caderno
Todo instrumento é grafite
Todo momento é verso,
Portanto, vivo submerso.
Épocas são estrofes
E minha vida um poema.
Meta
Falo do amor
Amor por compor
Sem dor de me expôr
Meu mundo impor
Pra quem ler supor
Que entende a dor
Que sente meu amor
Como passassem um sensor
Para ver meu suor
Se não verem, depor
E no clímax de tanto calor
Não vêem o real teor
Dos textos. O maior temor
É não expressar tal amor:
O texto rimador.
Compreende?
Faço descaso com relações
Materiais, espirituais
Entre mentes e corações
Junto de todos seus rituais
Não vejo mais sentido neles
Com não vejo nos toques em peles
Queria de novo sentir-me
Conectado a qualquer coisa;
Menina, arte
Até a mim mesmo.
Conectado pela internet até o Japão
Mas sem sentido
Não sinto-me nem comigo
Quem dirá com meus semelhantes
Eles são?
Alguns parecem
Mas se assemelham?
Nenhum deles lê e entende
Tentar sequer tentam
Perguntam tudo bem pela próxima pergunta
O caderno nunca foi material
Mas sim entidade
Me conectei de forma tal
A escrever e ter idade
E ver no poema que escrevi
Que alguém me compreende ali.
-R.C.
Gratidão à obra
Tem dias que levantar da cama é só a primeira vitória
Enfiar algo na guela é por sobrevivência
Se depender de mim só como na última ceia
Pronto pra ir pra cruz
Há momentos que o sol é a desgraça
Por me lembrar que vivo
Que ando, sento
Não só existo
Até olhar no espelho é difícil
Olhar alguém odiado
Que não para de seguir e imitar
Minha única salvação
Acho que foi a poesia
Sem ela já tinha sido levado à muito.
-R.C.
Dias de poeta
Tanta poesia
Com a dor que já senti
No momento é cada um por si
Mas a gente se entendia
Bate as ideias forte
Dá epilepsia
Imediatamente
Seria assim eternamente
Poetas de tanto lugar
Unidos pela dor de estar
A agonia
De ser.
Com vossos poemas posso contar
Para voltar a harmonia
Nos meus dias de poeta
Quando a mente não fica quieta.
Canto preenchido
E dormiu com lápis na mão
O menino que queria ser poeta
Mas em seus cadernos,
Folhas, comunicados escolares,
Outros livros ou na própria mesa
Desejava passar a escrever poesia
Ao invés da lírica realidade vivida.
Dormiu com lápis na mão
Na esperança de nos sonhos ser enfim um poeta,
E não mais só menino.