Pra, por

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Pra quê?
Já havia acabado
Por que?
Pra me deixar nesse estado?
Pra quê?
Eu já morri tantas vezes
Por quê?
Dentro de mim tantos seres
E todos falando de um futuro obscuro
No coração e no pulso um muro
Pra quê?
Teu sangue já caiu
Por quê?
Meu sangue imita
Psiu!
MInha cabeça agita
Pra quê?
Já não tenho razão
Por quê?
Também não toca na minha mão!
Não levanta minha manga,
Não tira minha camisa!
Sem tocar as feridas
Azul de quem pisa
As feridas são suas!
As dores são suas!
A dúvida foi sua,
Mas colocou em mim.
Os cortes eram seus
Mas os fiz em mim
Com força de Zeus
Tirei tudo enfim
Pra quê?
Por quê?
Só você!
Não tem de quê!
A dúvida mata
Você me mata
Me embebeda
Me ceda
O mundo não me aceita
Digo não
Não pra tudo
Não pra mim.

-R.C.

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Privado

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Queima. Minha pele se contorce a cada fração de segundo pelo toque do sol. Poderia ser pior. Ele podia estar inteiro me tocando, mas essa grade o impede. Queria poder quebrar, rasgar, destruí-la. Pular para minha liberdade enfim, sem medo de perder tudo. Esse pensamento foi bobo. Afinal, que tudo, se justo isso me faz querer sair deste lugar?
O silêncio é insuportável. Não o de fora, inexistente perante os gritos e exigências feitos pelo meu carcereiro, mas o de dentro, pertencente a uma alma cansada de se defender, pronta para tomar o necessário, ainda que seja entorpecente e doloroso. Me pego a admirar essa dor. Ela provém de algo mais antigo, antecedente à minha prisão, simbolizado por essa grade: o suicídio. “Como admirar o suicídio?” você deve estar se perguntando. É simples, na verdade. Ele criou essas grades. Claro, ela representa algo muito maior, mas… ele criou. A necessidade de manter prisioneiros (assim como eu) longe das janelas criou grades.
Mantenho-me o mais longe possível delas para ficar longe da luz, no canto desse lugar. Olho para o céu de longe e desejo vê-lo escuro e vazio, como numa noite nublada. Seria o momento perfeito para deitar-me nesse chão frio e, pouco a pouco, morrer de dentro para fora. Faço o começo desse processo agora mesmo, encarando o teto sem graça, e tento lembrar dos bons momentos da minha vida.
Minha tentativa é falha, e as únicas lembranças que me vem são das minhas costas vermelhas, machucadas pelo abuso de poder dos donos do meu cárcere. Em seguida, recordo momentos de negros de minha consciência, quando minha mente ficou tão barulhenta, e sinto falta disso. É menos desesperador pensar que o barulho dentro de mim impedia ouvir o externo que, mesmo com o silêncio da minha cabeça, o mundo parece mudo. Esse processo acaba em um segundo, quando ouço o grito (provavelmente repetido milhares de vezes):
– Vem logo moleque, eu to mandando!

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Um elogio à Loucura

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Acho que um dia vou entender o por quê de todos procurarem sentido nas coisas. O mundo é tão aleatório, tão estranho para ser explicado por regras… nem nós sequer seguimos regras internas! Temos uma forte influência das nossas emoções, e escolhemos por agirmos por elas. Todos nós temos essas opções, e diversas vezes tomamos a iniciativa de agir emocionalmente, por nós mesmos.
O ser humano pode se achar muito inteligente e racional, mas, prefiro ser um louco num mundo onde tudo é pensado racionalmente.
 

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