Sou um anarquista espiritual, eu não sigo regras, crio regras. Se os outros não me dão minha liberdade, eu crio-a. Do jeito que quero, do jeito que posso.Confrontos de nada são úteis, são sinônimo de desigualdade de poder. Algo só é justo quando há essa igualdade, quando há igual chance de êxito. A justiça é essa, não a clamada igualdade perante a lei, a igualdade econômica. Claro, poder é errado, mas a comprovação da tese de criação de poder por si vem de uma lógica inegável: quando há igual poder, é como se não houvesse poder nenhum. O problema é: até onde posso ir para obtê-lo?
Quando se é o oprimido, não é nada mais do que justo o uso da manipulação para a obtenção de poder. Grandes exemplos da história fizeram isso, como Napoleão: quando foi à batalha com número menor de homens, tornando eminente sua derrota, o General levou a luta para um terreno vantajoso, tornando assim, a situação igual, onde a habilidade se tornou a questão principal. Ele igualou o poder. Uns tinham força, outros a inteligencia. Isso é justo. Então, se sou manipulador? Não posso negar. Faço isso da forma mais fina e justa, minhas mentiras são intencionadas, assim como é o mundo. Que seja assim! Uso a forma ridícula do mundo a meu favor, tornando ele igual.
Certamente me perguntarão um dia se é certo um anarquista ler Maquiavel, o Florentino que dominou o conhecimento sobre o Poder, algo aparentemente contraditório, visto que Nicolau ensina a conquistar o poder e anarquistas querem derrubá-lo. A resposta é simples e direta: necessitamos saber como é a conquista do poder, pois, enquanto a sociedade Ideal não é alcançada, temos a obrigação de ganhar para si e para seus iguais esse poder. Claro, no sistema Capitalista isso é quase impossível, pois nele, Poder vem do Dinheiro e Dinheiro é Poder. Governos (meios de opressão da Elite sobre o povo) são mandados e desmandados por interesses particulares e econômicos. Não se engane com a falsa crença de o governo mandar na economia, mas a economia manda no governo. Portanto, quanto mais soubermos como ganhar poder perante essa enorme máquina escravizadora, justificada por um tal “contrato social” não assinado por ninguém e imposto a todos, é a vantagem que teremos sobre o mundo. A utilização de uma crueldade maquiavélica contra ela.
Sou anarquista espiritual sim, pois a igualdade nunca será dada sem luta. Ela é tudo que tenho, que terei, tudo o que posso fazer. E lutarei. Até o fim, ferozmente pela minha liberdade e do outro, pois só seremos livres quando um Irmão for tão livre quanto o outro. E teremos sofrimento para isso. Usaremos todas as nossas forças para isso.
Sou cruel. Claro que sou. Toda luta é quando não se luta só por si, mas por muitos. Sendo assim, não vejo crueldade nenhuma em manipulações. E vejo toda. Outros falarão que a verdadeira crueldade é com eles, mas na verdade, é consigo por ter que usar de manipulação para poder existir sem ser essa merda influenciável chamada de indivíduo. A manipulação é o meu instrumento para poder ter meu direito e dever do outro inalienável, denominada liberdade.