Bolsas de energia
A beleza da olheira é a beleza do trabalho
A ruína da mesma é o jogar-se no assoalho
Sem saber o porquê tudo que faço é falho
Não importa o que tente pra eu não ser falho
Achei que o dom de dormir viesse do berçário.
-R.C.
A beleza da olheira é a beleza do trabalho
A ruína da mesma é o jogar-se no assoalho
Sem saber o porquê tudo que faço é falho
Não importa o que tente pra eu não ser falho
Achei que o dom de dormir viesse do berçário.
-R.C.
Olhe em volta, Renato
Você está sozinho
E por mais forte que você acredite
Os únicos fantasmas no presente
São os criados por ti no caminho
Que percorrestes, tão ingrato, tão chato
Olhe esses pôsteres
Todos rasgados ou riscados
Sujos de azul ou vermelho
Marcas posteriores
A ataques indelicados
Da sua psiquê um espelho
Olhe seu braço
Todo rasgado e riscado
Teu sangue não é azul ou vermelho
É verde ou preto pisado
Pois na vida ser pisado é teu hábito velho
Na sua história tem esse amaço
Olhe pro teu olho
Todo ramificado ou rabiscado
Das veias um forte vermelho
Falta de descanço
Ele nunca é dado
Até dormir é chão quente descalço
Olhe pro teu pulmão
Todo estragado e gasto
Tingido de câncer preto
Resultado da tua necessidade
De fugir pra tal ilusão
Mesmo tendo tão pequena idade
Olhe para tua vida
Toda caída e falida
Sem amigos ou qualquer um
Que se importe contigo mais
Ninguém que saia da paz
Pra na sua depressão dar zoom
Olhe a sua volta
Essas paredes mais são grades do que casa
Todas iguais por causar dor, me solta
Para fazer melhorar
Você já tem a asa
Só falta voar
Olhe para baixo
Tanta altura parece pouca
E se quer saber o que acho
Não seria idéia louca
Daqui de cima se jogar
Só pra ver o que vai dar
Se solte enfim
Para ver o momento final
Afinal, Renato
Você está sozinho até no fim
Não haverá sequer relato
Do seu fim atemporal.
-R.C.
O futuro logo chega
Não espere sentado
Levante e o receba
Não adianta correr desesperado
Os olhos fecham mas o pensamento vai longe
Nas certezas que temos do amanhã, do hoje
Sono falso tira, um alívio para a consciência
Mas descanço nenhum há, o cansaço ocupa em sua ausência
Ansiedade e nervosismo imperam
A lástima do desespero veneram
Os músculos pesam na cama
Os ossos estralam a toda hora
Do escuro brota a suave chama
Que ilumina junto a aurora
Idéias não fluem
Vontades não há
Levanto desde já
Por aceitar o destino
Motivos os quais não excluem
Meu desespero por sono
Os ruídos de dentro despertam mais
Os de fora a mim, torturado pelo sons
A ninguém transmito meu mal estar, por modos
Sentado com a vela, foco nos seus diferentes tons
A mente vaga
Nada segura
Toda hora
Me esmaga
Trocando assunto
Me levando junto
Morto, já não consigo nem desfocar
Tudo é chamativo, até o travesseiro
É melhor deitar, voltar a tentar de corpo inteiro
Ou a insônia irá me enforcar
-R.C.