Uma lição de jovem

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Quantos anos precisam passar
Pra perceber que você não alcançou a felicidade
Mas sim aprendeu a ser infeliz
Quantos anos
Até que s gente entenda que não é só um lugar
Não são só pessoas
Que somos seres tribais
E tudo bem se entregar a essa natureza de pertencimento

Já passaram anos
E não entendemos que o tempo de viver
Não é depois
A faculdade precisa ser apreciada
O trabalho precisa de algum prazer
E a viagem hei de ser estas férias.
Quando chegar a velhice,
Ela tem sim que ser descanso
Porém não uma redenção
Mas sim um momento de reflexão

Quantos anos precisam passar
Pra gente entender que os detalhes
Esses sim valem nossa atenção
Pois ainda que vivamos nos retalhos
Se deus sabe onde focar
Só nos resta aprender a imitar.

Pois é
Passam os anos
E parece que estamos cada vez mais longe
Longe de casa
Longe da infância
Longe da família.
A casa que te acolheu durante sua jornada,
A infância que te nutriu com tantas memórias
A família que te suporta quando cais.

Precisa ser assim?
Ou só escolhemos os caminhos difíceis
Por não sermos ensinados direito?
“A vida é difícil”, me disseram os velhos
Eu aceitei com humildade de um aprendiz
Pra hoje assumir que ela podia ser mais simples
“A gente vive em guerra consigo mesmos”, me disse uma jovem
E ali sim, eu entendi
Que o tempo de ser é hoje
E podemos ser felizes agora.

Quantos anos se passaram?
Muitos mesmo.
Mas já passaram todos que precisei.

L.Giannoni

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Provérbio antigo

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Conhecer a si.
Poderia ter sido
Criado em si só
Uma omissão no ditado?

Zeugma, elipse
Talvez eclipse
De sintagmas complexos.

Conheça (o mundo)
A (partir de) si
Não seria absurdo.

Se temos poeira de estrela
Na formação química
Esta é a maneira cínica
De honrar aquelas

Dentro de mim,
Conheço todo um real
E me parece normal

As contradições
Acalmam-se
As direções
Apontam a si.

A dentro, claro
O palácio da mente
Sem insulto ou escarro
Só o doutor em paciente.

Então fiz assim:
Dentro de mim
Eu o conheci.
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Heresia

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Se meu destino transita
Entre o que é e o que imita
Distinguo o que me irrita, como me excito
E escolho o que rejeito, o que aceito.
Não vivo todo afoito,
Há o que me anima
Agora, com dezoito
Não posso ver por cima

E quão fácil seria?
Tratar ilusão como heresia?
-R.C.
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Solilóquio

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Estar a sós é um exercício
Quando começa, parece tão difícil,
Mas necessário, instigado e executado
Como tivesse endorfina, dá prazer sem estrago
Porém  pode doer sem querer, quem sabe
Pra ser sincero, nunca se sabe
Às vezes acordo sem vontade e estar comigo é punição
Em outros tenho certeza que só preciso de atenção
E até quando o dia é pesado, aumentando tensão
Pode ser que eu resolva no diálogo
Ou solilóquio de papel na mão.
Não sempre cabe ficar sozinho, por isso é uma arte
A oscilação do desejo também faz parte.
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Karma

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Não existe gente boa
Todos tem defeitos
Fazem crueldades
O destino não existe
E o acaso te coloca nas piores situações
Não tem o que fazer
Se não algo “ruim”
Se ele existe
E o karma sua consequência,
Todos morremos eventualmente
Sinal que algum momento
Fizemos algo digno de morte
O ser humano é um lixo.

-R.C.

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Humanidades

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Se há uma ocasião humana, é a morte
Ela independe de classe social,
Se tem azar ou sorte
Ou conhecimento cultural.
A morte não se importa com os vivos
Tanto faz quem ficou
Ela não dá mimos
E pra quem fica nunca facilitou
A morte não se importa com a vida
Se foi honrosa ou não
Mediocridade ou ascensão
Corta fio sendo de algodão ou seda
Ela não se importa com o morto
Se estava no banco do carro
Se se sujava de barro
Ou de alguém tirando sarro…
A morte só se importa com a própria morte
Portanto humana e egoísta.

-R.C.

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