Paixão de ônibus

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Assim como quem me olha
Não deve ver poesia
Eu a ela olhava
E constatava calmaria
Nem acreditei no que ouvia
Aquela moça que passava
Tinha fones nos quais estava
Escutando musicas com tal bateria
Rock pesado, muito bom
Mas não imaginava tal menina
Ouvindo heavy metal em tal som
Perguntei porque, disse que não
Havia melhor, desatina
Os achismos só com aquele tom!

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​Eventualmente fantasmas eu vejo

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Por essas ruas é sempre a mesma coisa
Não dá pra dizer que variam cores
Se somente o que há
É uma em vários tons.
Não dá pra dizer que há só um fantasma
Quando se encontra um em cada esquina
E se mistura e engana todos brancos
Tantos tons e tantos dons
Há de se dizer que até nos bares
Cheios de gente, cores e mais
Não encontro cor alguma
Só fantasmas ali, mas minha é a falta de paz
É a sanidade inteira que os vendo jaz
Num casamento esperado,
Regado a clássico e jazz
Olho para o caderno e ao meus pés
Ando e escrevo sobre os fantasmas que reencontro
Em tons da mesma grafite e me desmonto
Pois a morte chegou a eles sem eu nem desejar.

-R.C.

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Tribos urbanizadas – As Crônicas de um Fotógrafo

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Desenho por Gabriel Rocha

Tradicional.
Quem sabe lenda
Assim pareça ficcional
Mas não espero que entenda
Poucos daqui valorizando o oriental
Se é tribal
E do ocidente,
Nem tente.
Após processo “civilizacional”
Chega-se a barbárie
Pagar o dízimo é praxe
Dizimar povos normal
Chamaria assassinato em série
Se fizessem parte
Do seu corpo social.
Mesmo que você amasse
Tentando apagar o passado real
A cultura resiste
É como se um cacique gritasse
Lutando pelo verdadeiro tradicional.

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Barroco contemporâneo

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Idas e voltas
Navegações infinitas
Nau secular transbordando
Todo um mundo em seu deck
Ondas…
Só sobram ondas.
As quis mas falta mais
Como vais?
Gostaria de lhe pedir
A mão na minha
Sejamos dois corações apaixonados
Pendular,
Hora quer
Hora vai
Licurgo, me largue
Legislaste minhas perdas
Sem mais espaços
Divergindo entre espaços
Há muito tempo
Que estou sem
E ficou quem?
Só a tenho em memória
Deixou minha vida
Para habitar minha estória
Devaneios entre o que e o se
O fato é uma vida sem
Refletindo sobre como estar
Outras? Mais de cem,
De lugar em lugar
Se o lugar não colabora
Ressuscita-lá não será agora.

-R.C.

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Canto preenchido

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E dormiu com lápis na mão
O menino que queria ser poeta
Mas em seus cadernos,
Folhas, comunicados escolares,
Outros livros ou na própria mesa
Desejava passar a escrever poesia
Ao invés da lírica realidade vivida.
Dormiu com lápis na mão
Na esperança de nos sonhos ser enfim um poeta,
E não mais só menino.

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Tragédia não, crônica

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Mediante tantos questionamentos, gerados pelo momento social e época do ano, todos têm objetivos e querem algo. Inserido nesse contexto, você deve se perguntar: quais são minhas expectativas para mim?

Você quer emagrecer? Quer enriquecer? Precisa estudar mais? Já se esforçou e precisa de descanso? Terapia vai te fazer bem? Você está feliz, ou tem potência para?

Algumas respostas doerão. O peso precisa ser perdido, mas falta genética. O dinheiro é almejado, porém a crise cada vez mais aperta. O tempo de trabalho toma cada vez mais o de estudo. Não é porque se precisa que se terá- isso se encaixa para felicidade também. Não é porque a necessidade de ser feliz existe (talvez pela ditadura do bem-estar ou questões psicológicas) que ela será suprida.

Pelo momento social, fé em valores ou qualquer parâmetro existente, o mundo tem expectativas para você. Estudar, estudar, prova. Mais provas até vestibular. Se não passar, volte ao início, se der certo, volte ao início novamente. Provas e provas até concursos, entrevistas de emprego, sucesso profissional. Se tiver ou não, há de se achar amor- ah, desejo mesquinho de não estar sozinho. Procure o par perfeito- não, ele te encontrará. Enquanto isso, pegue e largue o que vier. Case, tenha filhos (de preferência 2, um menino e menina, para dá-lo a primeira playboy e ensiná-la bons modos). Aposente-se sem nenhuma conquista grandiosa por você, sem ser, quem sabe, um campeonato de futebol ganho entre ex-colegas de faculdade. Morra e tenha flores no enterro, mas um epitáfio genérico (o além condiz o aquém).

Pegue as suas expectativas consigo e subtraia as sociais: esse é o futuro mais miserável possível, e o único plausível com sua moral de rebanho não superada.

De mais vale, indo contra a escravidão da vontade geral- democracia de porcos -saia da ignorância maior num grito de individualidade falho, e vá até o topo do prédio onde mora (e faltam somente 20 prestações para quitá-lo) e tire as vestes- por um momento lembra-se de alguma notícia haver com 3 da tarde, mas ignora o pensamento.

Tenha o último lapso de unidade consigo enquanto cai e tire seus grilhões junto da vida.

-R.C.

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Da cidade sobre as serras

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Na cidade pequena
O caminho dos pais é o destino dos filhos
A prole não contracena
Só assume paulatinamente os trilhos
Já na cidade grande
O caminho dos pais muda o destino dos próximos
Porém a opção se expande
A definição vem com os anos
É meu cemitério de vidas
De mim tiradas
Melhor dizendo, arrancadas
Como posso enterrar mais uma vez
Uma que continua sem mim?
Não há como evitar o luto
Pois luto para convencer-me
A deixar ir o morto
E planejar o novo com alegria
Mas não deixo de ver uma sangria
De relações humanas não-frias
Na verdade muito realistas e calorosas
Não são muitas listas,
Mas ali são amorosas
Pois bem,
Mais amores vou jogar ao além
Desta vez de amigo, eros, não importa quem.
Minhas escolhas agora importam
Mas meu psicológico cheio de emoções
Não se suportam.
Não sou de cidade pequena
Pouco importa meus pais no meu futuro
Sou protagonista desta cena
Da humanidade grito, não sussuro
Nasci na cidade grande
E o jeito dos meus pais, sigo por confiança
O medo do que vem muito arde
Mas é liberdade sem fiança.

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Espera(nça)

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Tanta espera
Me desespera
Alucina
Não por cima
Mas bem dentro
Já não me concentro
Só penso em ti ignorando
Ah!, a ignorância…
Como cega tudo
Tudo ou nada, nada mudo!
Ou amor quente pra morrer
Ou morrer de falta de amor
Sem mais motivo pra ser
Sem ser a espera cheia de dor

-R.C.

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Despedida

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Vem cá, meu amor
Diz pra mim o que não devias
Por antes ser proibido
Agora já não mais
Conta pra mim teus segredos
De hoje e daquela época
Como você sentia aqueles abraços
Como tu sentias naquelas tardes frias e calorosas
Me explica tua cabeça
Naquela chuva que tomamos nós
Quase desnudos, com inocência
Uma alma prometida e outra talvez presa
Faz o que não devia
Mas o que eu preciso
Me beija agora,
Antes da minha partida
São os últimos momentos
A gente se entende depois
Tudo o que temos
É agora para saber
Por favor, me beija, me mata
Para eu saber se beijo
Ou morro
Ou vou sem beijar
E sem morrer
E sem você.

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Pra, por

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Pra quê?
Já havia acabado
Por que?
Pra me deixar nesse estado?
Pra quê?
Eu já morri tantas vezes
Por quê?
Dentro de mim tantos seres
E todos falando de um futuro obscuro
No coração e no pulso um muro
Pra quê?
Teu sangue já caiu
Por quê?
Meu sangue imita
Psiu!
MInha cabeça agita
Pra quê?
Já não tenho razão
Por quê?
Também não toca na minha mão!
Não levanta minha manga,
Não tira minha camisa!
Sem tocar as feridas
Azul de quem pisa
As feridas são suas!
As dores são suas!
A dúvida foi sua,
Mas colocou em mim.
Os cortes eram seus
Mas os fiz em mim
Com força de Zeus
Tirei tudo enfim
Pra quê?
Por quê?
Só você!
Não tem de quê!
A dúvida mata
Você me mata
Me embebeda
Me ceda
O mundo não me aceita
Digo não
Não pra tudo
Não pra mim.

-R.C.

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