Ação e respiração

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Quando respiro,
É do teu mundo o ar
Quando choro,
A lágrima vem do teu mar.
Quando vivo,
É com batidas do teu coração
Quando agressivo
É tua essa e toda emoção.
Quando penso,
É sobre ti que divago
Quando tenso,
No teu colo acho sossego.
Quando sempre
Minha porta aberta
Pra que você entre.

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Hospita-lar

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Te quero ao meu lado porque tu tiras uma dor enorme do meu peito. É como um soro injetado na minha corrente sanguínea, removendo o mal estar.
Minha dúvida é se és morfina ou remédio. Tiras neutralizando ou atacando a causa? És tu, bem-amada, um paliativo ou cura?
Ainda não descobri, mas quero-te desde o acordar ao adormecer. Em ambos casos, me fazes bem.

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Luminosidade em Minas – As Crônicas de Um Fotógrafo

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Num mundo de viver-se procurando sombras em cavernas
Contemplo agora minha luz.
Se todos vai procurar saber e serão enganados, minha mãe sempre disse
Não sou todo mundo, não é tudo que seduz
Talvez não sejam grutas, sombras; mas óculos escuros em tabernas
Minha ascensão vem em forma de mulher que escolhe se abre as pernas
Não em bar, nunca foi meu estilo, mas numa biblioteca
De conhecimento da vida, externa
Um Vale do conhecimento tão sagrado quanto Meca.
Minha luz,
Que deu luz à escuridão que o amor me trama
Às inseguranças muitas que ficam claras a chama do sentimento de quem ama
Quem sabe vivemos num mundo no qual vive-se em busca de puro sexo
Mesmo ninguém entendendo qual o nexo
Talvez impulso natural de vida;
Talvez só desejo de diversão
Mas saem em busca de sexo puro
Mesmo que tem demais e de tanto ver são, do anterior, versão
Ainda entusiasmada com coisas estranhas…
Buscam pelo puro, mas a sós veem de incestos a estupros,
De simplicidade de contexto a coisas de revirar entranhas.

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Foto por Nicole Ilário

Para isso não precisei da luz,
A esse tipo de loucura não me expus.
Ah! não sei se somos presos à caverna de Platão, acorrentados e privados de visão
Definhados a ver sombras por toda vida e agradecer pela falta de opção
Mas olho para ela e vejo mais que esperança, mas salvação
Não pra pureza, mas pela certeza, pela convicção
Que mesmo sendo sombra, claramente tem razão.

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Ser e estar

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Meu filho, seja ele um Ezequiel, Gabriel, Leonardo ou Augusto, terá de aprender o valor da mudança. Da transição, da adaptação.
Não irei, em hipótese alguma, dar a casa perfeita para ele viver sua infância, adolescência e ida à vida adulta. Não, ele verá a casa mais simples tornar-se a mais retocada. Ele irá, quando pequeno, brincar no chão com seus brinquedos, este ainda de concreto. Ao sentir suas nádegas doendo, reclamará ao pai, vou ouvir sua reclamação e fazer o que diz a cartilha – ignorar, por hora.
Nos dias seguintes, a frequência de reclamação deverá diminuir, e o menino agora estranhará o chão atapetado da escolinha, sentirá o pátio mais natural. É neste momento que trarei o carpete para o chão da casa. Instalarei-o do dia para noite e, ao jogar-se no duro, sentirá maciez e receptividade. Ainda sim, como faz toda criança, reclamará. E muito.
Minha esposa desaprovará o devido carpete, me forçando a escolher outro, saciando a reclamação do pequeno. Ainda sim, não importa a quantidade de vezes que eu trocasse, ele pediria o chão.
Anos após, decidiremos mudar de casa. Ele, já mais velho, relutará. Conhece amigos na rua, brinca de esconde-esconde (sabendo seus esconderijos). Quando mudarmos, verá a casa vazia (maior do que a primeira) com os velhos móveis. O cheiro da madeira confortará seu pavor pela novidade. Por mais que o chão difira, não influenciará na sua opinião.
À noite, chegando cansado da escola e de suas atividades extracurriculares, ligará o chuveiro na busca de refresco. Este será o primeiro baque. Não me leve à mal… tem algo muito pessoal na área de banho que mexe diretamente com o ser inteiro. É a forma com a qual cai a água (mais concentrada ou dispersa); a cortina ou um box; como liga o próprio chuveiro.
Ao começar seu banho, meu filho terá a visão estranha de que, em toda sua vida (12 ou 13 anos) nunca percebera como devidos banhos começam diferentes de outros. Olhará para o azulejo da parede e verá imagens implícitas (potenciais reflexões enquanto a água cai). Verá a cortina de pano ventando para cima dele, notará no padrão da queda d’água (tão distinta de nossa antiga residência).
Esta pesquisa visual de 2 minutos se repetirá para todas as casas de sua vida. E sempre, no quinto banho, ele já estará conectado com o ambiente e sua nova rotina.
A cama, a luz, a cor da parede, a textura da maçaneta, entre outros milhares de detalhes serão de suma importância para definir o que é sua casa. Em cada uma que eu levá-lo, ele irá experimentar de tudo.
Só assim ele entenderá que a mudança, a transição e adaptação são faces dum todo maior: o da existência. Tudo muda durante um tempo e se estaciona. O ambiente segue mudando, gerando a necessidade de adaptar e, eventualmente, mudar também… o ciclo é inacabável.
Só assim ele entenderá que, a beleza da perfeição é nunca ser alcançada, mas perseguida, levando para caminhos esplêndidos e completamente diferentes.

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Suspiro d'um coração a se apaixonar

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Depois do que você quer
E antes do que imagina
É nesse momento
Que entrarei na sua vida
Ó amada
Pra ser sincero
Não faço ideia…
Quais planos foram feitos
E quais postos a Nero?
Teremos nossa Odisséia
Ou demora menos que eu quero.
T’espero no presente
Mesmo consciente
Que seu, só meu futuro
Por mais que tente
Avançar mais rápido
O mundo é mais duro
E o tempo imaleável.

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O Futuro

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São fios grisalhos ao espelho?
Na barba à fazer e cabelo feito?
Não, só maldito efeito
Da vontade de ser velho
Ah, como temo a juventude
De mim tudo toma
Mesmo em sua plenitude
Vejo esse sintoma
Fugazes relações
Frágeis relacionamentos
Escoando por ser jovem,
Ainda mais vem
Com ou sem ações,
Substituição terá seu momento
Espelho, espelho meu
Os grãos que lhe fizeram,
São os que me faltaram
Ou é engano meu?
Se não faltaram, faltarão
Se não caíram, cairão
Se sumiram, explicação
Demando, compreenção
A caminhada fará mal
Estarei pronto
Mesmo que meu ponto
Seja o final.

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Alu(n)a

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Ela me era Lua
Eu, astrônoma
Queria ser aluna
Dessa luz que só soma
D’uma beleza estonteante
Como fosse Soma
A noite eu sumia
Dedicando a Ela inteiramente
Eu, que não tinha asas
Entraria até na Nasa
Pra vê-la de perto
Fui longe
Fiz força como monge
A tive em meu teto
E então
Sem teto de vidro
Nem pedra no coração
Tive a Lua comigo.

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Paleta de cor

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A escuridão total
É o quadro em branco mais belo
A ser preenchido.
Não há igual
Tela a fechar os olhos
E vê-la pintando.
É só sem luz
Que as cores se expressam puramente.

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Provinciano

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Hoje puseste a escova junto à minha
Ontem fomos procurar casa.
Amanhã não sei como será,
Sei que você aí estará
Como é bom aos poucos
Amar como no tempo de loucos.

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