Pedaço de paz

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Faça desse mundo seu jardim
Cresça tantas fores
desenvolva teus valores
E depois de tudo, volte pra mim
Secas e torrenciais
São parte do processo
De deixar no solo impresso
Seus diferenciais
Da natureza os defensores
Fazem todo um carnaval
Faltam uns professores
Os falarem sobre o mal
Pois pra ela é irrelevante
Que esteja ou que não
Se é pra ti interessante
De vontades não passarão
Faça desse mundo seu jardim
Lembra dos frutos desse amor
Que podia ser mais que rancor
E depois de tudo, venha a mim.
Pois eu só quero um pedaço
Não lhe causar cansaço.
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Travesseiro

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Os nossos filhos já tinham nome
Nenhum sonho passava fome
Como um ciclo não se consome
O sono agora some
Não creio que foi tão momentâneo
O futuro era certeiro e espontâneo
O presente tão costumeiro tão rotineiro
E sem mais nem nada, foi-se ligeiro
Foi o que eu fiz? Mas o que fiz?
Foi falta de fazer? Eu tinha como saber?
Há jeito de consertar? Você sabe que eu quis
Eu queria um destino, você tão indecisa
Tão sem sentido e não precisa
E eu já pensando em Ezequiel e Maria Luiza
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Começos bons

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O ano era 2016
Eu atravessava a rua
Pra pegar o 513L-10
Quase sempre atrasado
Eu e o transporte
Quase nunca rejeitado
Mesmo quase sem sorte.
A sorte era tua
De ter esse zero à esquerda
Sempre com nova queda
Largando moeda
Pra te ver no cinema
A janela era pequena
De tempo e visão
A gente num esquema
Já tocava o coração
Pra quem seguia o lema
Álcool, rap e pegação
Você burlou meu sistema
Virou a única opção
Agora anos se passaram
E já não somos conhecidos
Passaram e se acabaram
Meus tempos destemidos
Contudo, contundido
Esperanças afogadas
Respiro num mar de derrota
Um idiota de anedota
Sem caminho, sem rota.

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Água para Camélias- o porquê de Espelho ser um dos trabalhos mais importantes de 2018

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Eles dormem, eu faço planos

Drik Barbosa

É assim que se inicia o trabalho que eu considero o musicalmente mais relevante do ano de 2018. O EP ‘Espelho’ tem 16 minutos e um documentário de 9min, uma obra total de 25min. Drik Barbosa pôs seu melhor em 5 faixas, passando desde temáticas pessoais até estruturais, começando em um som orgânico e chegando no trap, sem deixar em momento algum de ser o melhor do RAP e R&B.

Promocional do EP

Como sempre, acho melhor dar uns passos pra trás antes, para que faça mais sentido o porquê desse trampo tão pequeno ser relevante e extremamente importante.

Aos 25 anos, ela coleciona versos destaque e refrões ultra melódicos, uma das melhores vozes da música brasileira atual. Com pouco mais de 32 colaborações (cyphers, feats e etc), ela já está na caminhada há tempos. Desde 2007 ela já é chamada para cantar em discos[1] de músicos como Flow MC, Marcelo Gugu, Dj Caique, Emicida e etc. Conheci-a em Mandume, que integra o 2º disco do Emicida. Ela abre esse som com maestria, recheia o verso com referências sensacionais, punchlines agressivas e postura condizente. Conforme ela participou de projetos como o Poetas no Topo 3.1 e o Poetisas no Topo, conheci um lado mais melódico e mais rimas espetaculares. Em 2017 ela também integrou o projeto Rimas & Melodias, que lançou um álbum sólido. Ela está, já a um tempo, nos holofotes do rap nacional, sendo requisitada pra projetos e projetos, representando as minas bem demais.

Tendo em vista essa recapitulação da caminhada da Drik até agora, fica muito claro que quando o G1 a coloca no título da matéria como revelação, a falta de consideração por toda a caminhada anterior é evidente. E também por isso, ela lançar um EP depois de 11 anos de carreira é chamativo.

As músicas que compõe esse trabalho são, na ordem na qual aparecem:

  1. Espelho – part. Stefanie (prod. GROU)
  2. Banho de Chuva (prod. GROU)
  3. Inconsequente (prod. GROU)
  4. Camélia (prod. GROU)
  5. Melanina – part. Rincon Sapiência (prod. Deryck Cabrera)

Vamos por partes.

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Igreja

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Não sei quem te criou
Mas foi o mundo (que) quis
Aqui Deus te colocou
Mas sou eu que te fará feliz

Sei que oras por muita coisa
Eu só prezo pelo futuro
No qual não haja sózia
Pois o posto é teu, juro

A bíblia é composta de nossas conversas
Tradição oral como os antigos
Insinuações e diretrizes perversas

Acho que heresia (essa) heresia me recuso cometer.
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Uma história com 4 inícios (e finais) – o que mudou de 2015 pra cá

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Existem milhares de maneiras de dizer a mesma frase. Modificar a ordem de certos termos numa frase, usar sinônimos, adicionar e/ou remover palavras (dentre muitos outros instrumentos da Língua) são ferramentas que te permitem expressar ideias iguais de maneira diferente. Expandindo um pouco o uso das mesmas ferramentas, dá-se por exemplo a passagem de duas mensagens com frases parecidas. Ou mensagens completamente diferentes com expressões diferentes. Enfim, o meu ponto é que o Português, por si só, já é extremamente versátil e comporta muitas formas de comunicação.

Imagine misturar essa versatilidade à arte. A imensidão de sentidos e maneiras gera um vão para olharmos e compararmos como se diz e porquê.

Por isso que hoje, quero falar de sobre uma imagem poderosa. Eu não sei exatamente o porquê ela é tão forte, por quê causa um certo desconforto inconscientemente. A imagem aparece em 5 vídeos do Rap nacional- ‘O Que Separa os Homens dos Meninos’, Sant; ‘Crime Bárbaro’, Rincon Sapiência; ‘CORRA’, Djonga; ‘Bluesman’, Baco Exu do Blues; ‘Deus do Furdúncio’, BK- de maneira similar: a imagem de um homem, negro, correndo.

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Branco

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A minha vida é uma gritaria de acontecimentos
Mas é o teu silêncio que me ocupa
É um monte de fonemas,
Palavras sem ordens exatas
E a tua reticiencia me enlouquece
Você é a pausa numa f(r)ase incompleta.

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Nós perdemos

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Nós perdemos.

Não falo simplesmente da esquerda partidária, que sucessivamente tem sido “surpreendida” nas urnas, mas sim de nós, humanistas. Não deveria ser considerado ‘de esquerda’ apoiar direitos humanos, mas, neste momento, é. O feminismo não deveria ser ‘de esquerda’; mas é. Lutas raciais, antifascismo e muitos outros movimentos deveriam ser mais sobre igualdade, mas não. E por isso que perdemos.

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