Cedo demais

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Explosões são feitas, sem alarde
Seu ano novo chegou mais cedo!
Mas se quiser, posso voltar mais tarde
 
Tudo mudou?
Claro que não
O mundo girou
E na Santo Amaro, Paulista ou Consolação  
Comemoro um ano falso
E esse recado realço
 
Explosões acabam, nada mais arde
Seu ano novo acabou tão cedo…
Você não quer que eu volte mais tarde
 
Então tudo continua
Mas a festa para
Não me deixa ficar
Ainda dá na minha cara?
E em frente à moradia sua, sigo a gritar

 
Explosões voltarão, ou cedo ou tarde
Seu ano novo não voltará!
Não preciso dessa realidade
 
Não esperou essa reação
Tenta recuperar tudo na oração
Deus só ouve a arrependidos
E assim está seu coração
Como estão seus sentimentos?
Cansados, fodidos?
Tua sorte é que os meus não estão demasiado ressentidos
 
Explosões aconteceram, de impedir deixaste?
Quer que o ano novo chegue novamente
Venha atrás de mim para tal desgaste.

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Manifesto do Partido Comunista- Karl Marx & Friedrich Engels

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AVISO: Será feita uma nem tão pequeno resumo/análise do livro. O livro é dividido pelos capítulos, e assim será esta. Quando houver escritos envoltos de fundo diferente (vide exemplo abaixo) trata-se de uma crítica/pontuação completamente minha, com extrapolações de minha natureza intelectual, ou seja, não tome como verdade marxista. Textos com deslocamento à direita/centro são os títulos dos capítulos e/ou subdivisões, pontos totalmente envoltos por áspas (“) são citações.

Boa leitura!

Ponto parêntesis Léo: Exemplo

Série de prefácios

1872

  • É afirmado que a revolução fica mais difícil de se instalar a cada momento.
  • A aplicação prática do Manifesto depende da circunstância histórica.

1890

  • Mostra a confiança de Marx no desenvolvimento intelectual dos operários pela Revolução.
  • Houve uma enorme influência do Manifesto em movimentos operários no mundo todo.
  • Na época de lançamento do Manifesto (1848) o socialismo era entendido como movimento burguês e comunismo o movimento operário.
  • Existia (na época) um movimento mundial de união do proletariado.

1. Burgueses e Proletários

  • Burguesia= classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção e empregadores.
  • Proletariado= não possuidores de um meio próprio de produção, vendendo sua força de trabalho para viver (assalariada).
  • A história humana é a história da luta de classes.
  • A luta da época é burguesia versus proletariado.
  • A grande indústria cresce cada vez mais, resultando na expansão do mercado mundial, ou seja, mais comunicação, navegação e comércio

Conceito de burguesia inicial

  • Economicamente= Idade média, cidadão livre na comuna que cresce economicamente com as Grandes Navegações (novo mercado de consumo) pela intensificação dos meios de troca e mercadorias (impulso à indústria e à navegação).
  • Politicamente= É uma burguesia que luta pela autonomia política da comuna, é oprimido pelo senhor feudal.

Conceito de burguesia média

  • Economicamente= Há a troca de produção feudal pela manufatura pela insuficiência de produtos para novos mercados, portanto, acontece a ascensão da classe média industrial e a divisão do trabalho nas próprias oficinas.
  • Politicamente= Torna-se uma classe que equilibra a nobreza durante a monarquia (seja ela absolutista ou não).

Conceito de burguesia moderna

  • Economicamente= A demanda cresce ainda mais e manufatura é substituída pela  grande indústria (energia à vapor e maquinário) com a Revolução Industrial ou a Indústria Moderna. As classes médias industriais, milionários da indústria (em geral, a burguesia) surge aí, que enriquece exponencialmente.
  • Politicamente= Essa burguesia domina exclusivamente o estado pós-moderno. O governo é uma administração dos negócios burgueses.

  • Burguesia aniquiladora de relações feudais, patriarcais.
  • Explicitou a exploração ⇒ Agora ela é “cínica, direta e brutal”.
  • Há a redução de tudo ao dinheiro.
  • Na era burguesa, vê-se uma internacionalização da tecnologia, cultura, comércio, uma adoção mundial do capitalismo e do modo de vida burguês.
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    Foto da edição utilizada para análise.
  • É constatado que a burguesia cria e desenvolve meios de produção e relações fortes demais para controlá-las, e, portanto, haveria alguma revolta (causada pela próprio burguesia).
  • A visão marxista é de um proletário tratado como um artigo do comércio, uma extensão/acessório da máquina (o trabalho perdeu o atrativo da autonomia com a expansão do maquinismo).
  • A exploração tem como bem maior e visão somente uma coisa: o lucro.
  • Sexo, idade não tem valor para a classe operária, somente no custo do trabalho pago pelo burguês.
  • A classe média antiga (pequenos industriais, comerciantes, artesãos e camponeses) viram proletários devido á concorrência com os grandes capitalistas.

Consolidação da luta burguês versus proletário (resumido)

Obs: É uma  luta contra as relações e há destruição dos instrumentos e mercadorias.
  1. Luta isolada.
  2. Mobilização na fábrica.
  3. Mobilização no setor industrial.
  4. Mobilização do país (massas diversas) ⇒ Luta contra os inimigos da burguesia, como proprietários rurais, pequenos burgueses aliados a estes e a monarquia.
  5. Crescimento do proletariado.
  6. Evidente luta de classes.
  7. Formação de organizações fortes
  8. Conquistas de direitos, como a jornada de 10 horas.

  • A única classe capaz de fazer revoluções é o proletariado, visto que é produto da industrialização (sempre vai existir no capitalismo).
  • A vida do proletário é completamente diferente da do burguês, e nela o trabalho, religião, leis e moral são meios burgueses de esconder seus interesses de classe.
  • A burguesia não pode continuar dominante por não conseguir impor seu modo de vida, de ter que alimentar o proletário para manter-se no poder.

Sabia que esta é a segunda obra a ser tratada no LdM? A primeira foi A Segunda Pátria de Miguel Sanches Neto. Que tal olhar a resenha desse livro? Só clicar na capa do livro ou no nome.capaaberta_segundapatria_site

2. Proletários e Comunistas

  • Pergunta: qual a relação entre proletários e comunistas?
    Resposta: ambos tem os mesmos interesses e não são um partido à parte. A diferença mora no fato de os Comunistas serem os mobilizadores do proletariado, pois tem noção das condições gerais do movimento. Comunistas tem como objetivo maior os interesses gerais do proletariado internacional e são a expressão geral das relações com a luta de classes.
  • A supressão de relações de propriedade não é exclusiva do comunismo.
  • As relações de propriedade sempre mudaram.
  • O Comunismo envolve a abolição da propriedade burguesa/privada.
  • Propriedade privada ≠ Propriedade individual/pessoal
  • O proletário não tem propriedade, mas sim capital.
  • Capitalista é aquele que assume posição pessoal e social, visto que o capital é um produto gerado pela atividade de toda sociedade.
  • Capital é uma força social; é gerado pela sociedade, portanto, deveria ser propriedade social, não privada.
  • Salário mínimo é o mínimo necessário para a sobrevivência, e seria suprimido pelo socialismo científico.
  • Com o salário mínimo, o trabalho fica com um caráter miserável e com o objetivo único de aumentar o capital da classe dominante.

Ponto parêntesis Léo: Relação capital-proletário

Pela visão marxista, na sociedade burguesa, o capital é símbolo de trabalho, porém, o trabalho que gera o capital burguês não é o dele; vem da mais valia dos proletários.

Logo, se o capital não foi gerado pelo trabalho de um, mas de uma sociedade, ele não deveria ser uma propriedade privada, mas social.

  • Sociedade…
    • Burguesa ⇒ Trabalho como meio de gerar mais trabalho, “o passado domina o presente”, capital independente e pessoal, indivíduo sem independência ou personalidade.
    • Comunista ⇒ Trabalho é  um meio de enriquecer os próprios operários.
  • O Comunismo reprime a personalidade, independência e liberdade burguesa.
  • A liberdade burguesa é a liberdade de compra e venda (comércio), oprimida pelo comunismo.
  • Os argumentos burgueses sobre a liberdade só tem sentido no comércio da Id. Média (travado) e não numa sociedade onde não há mais comércio, portanto, seus argumentos são inválidos.
  • A revolta contra o fim da propriedade privada não faz sentido pois esta não existe para 90% da população. A propriedade privada só acaba para o burguês.
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    Foto clássica de Karl Marx, um dos idealizadores do Comunismo
    Se 90% das pessoas não tem propriedade por meio do trabalho transformado com capital (poder social suscetível de monopólio) para transformar a propriedade individual em burguesa, então, a individualidade é abolida.
  • O Comunismo não impede as pessoas de usarem a propriedade social, mas de transformá-la em privada e gerar mais-valia do trabalho operário.
  • Argumento: No Comunismo, com o fim da propriedade privada, acabariam as atividades e haveria o início de um ócio generalizado,
    Contra argumento: Isso é falso, visto que na sociedade burguesa os que trabalham não ganham, e os que ganham, não trabalham. Não pode ter trabalho assalariado sem capital.
  • Opressão da propriedade de classe ⇒ Fim da produção da cultura de classe
  • A cultura burguesa tem ideais exploratórios.
  • Na sociedade capitalista, as idéias são baseadas nas relações burguesas e na vontade de classe (ideais como a da cultura, direito e liberdade).
  • Esse padrão é contrastante ⇒ As idéias de uma época são criadas a partir da classe dominante.
  • A abolição da família só valeria para a burguesia, visto que só para ela esta “instituição” existe.
  • Nesse trecho, Marx define que, para o proletário, não existem tais relações entre pais e filhos, porque a indústria tira esse tempo do pai e “encurta” (pois já era quase nula) a infância do filho (infância sendo uma criação da sociedade burguesa para burgueses).
  • Argumento burguês: Não se pode introduzir as mulheres à sociedade.
    Contra-argumento marxista: As mulheres (desde sempre) estiveram na sociedade, apesar de oprimidas. O problema é que a burguesia vê a mulher como instrumento de reprodução/”produção coletiva”. É esse status quo que Marx propõe abolir.
  • Crítica ácida à burguesia, que defende a família hipocritamente , porque se traem dentro e fora da classe social.
  • Mulher no…
    • Capitalismo ⇒ uma comunidade hipócrita e dissimulado.
    • Comunismo ⇒ comunidade oficial e verdadeira.

Ponto parêntesis Leo: Feminismo

Nesse trecho, em que Marx defende uma libertação da mulher (indo até o ponto de mencionar que, com o fim das relações burguesas de produção, acabaria a prostituição), pode-se dizer que ele toma uma postura feminista.

Porém, essa corrente não existia ainda. Portanto, é completamente plausível dizer que ele é um precursor do feminismo.

  • Argumento burguês: O comunismo acaba com a nacionalidade/patriotismo.
    Contra-argumento marxista: O proletário só terá pátria quando tiver poder político e reconhecer-se como classe social nacional.
  • Fronteiras nacionais
    • Burguesia: Desaparecerão com o tempo, com o desenvolvimento do livre comércio, mercado mundial e uniformização do estilo de vida e produção burguês [Comentário rápido, teria Marx previsto o início da globalização?].
    • Proletário: Mais rapidamente, inclusive acabando com a exploração entre países [Novamente aproxima-se com a globalização].
  • “As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante.”
  • A semelhança entre os sistemas anteriores e o capitalismo está na oposição de classes e exploração de uma parte da sociedade.
  • O comunismo abole o antagonismo de classes.
  • Mudança/Inversão: O primeiro passo da revolução seria tornar o proletariado a classe dominante, tirando os meios de produção das mãos burguesas.

Se interessa pelo feminismo e gostaria de ler algo mais literário a respeito?
O texto Mais bela adormecida seria interessante para tocar em alguns assuntos da pauta feminista.
Você pode se interessar também pelo No país das correntes, que, apesar de não tratar de feminismo como centro, fala de abuso de incapacitados; no caso, uma mulher.
Só clicar nos nomes dos textos e você será redirecionado para a página.


Seguem abaixo a síntese das medidas para instaurar o comunismo nos países mais desenvolvidos

  1. Fim da propriedade burguesa e utilização da renda para o Estado.
  2. Aumento dos Impostos.
  3. Fim da herança.
  4. Confisco da propriedade de emigrantes e rebeldes.
  5. Monopólio do crédito nas mãos do Estado.
  6. Monopólio dos meios de transporte pelo Estado.
  7. Nacionalização industrial, utilização das terras de maneira coletiva.
  8. Obrigatoriedade do trabalho, organização de exércitos industriais e agricultores.
  9. Junção do trabalho agrícola e industrial, eliminação da dicotomia cidade-campo.
  10. Educação pública e gratuita para todos. fim do trabalho infantil (naqueles moldes), combinação de educação e produção material.

  • Visão marxista: poder público é o poder organizado de uma classe para oprimir a outra.
  • Se o proletariado é uma só classe, como classe dominante, gradualmente acabaria a oposição de classes.
  • A sociedade comunista seria uma associação em que o desenvolvimento individual gera o de todos.

3. Literatura Socialista e Comunista

1° O Socialismo reacionário

Observação: Para efeito de recordação, a Revolução Francesa aconteceu em cerca de 1780, se extendendo por anos. Isso é importante pois parte dos movimentos literários citados são em período de Revolução (junto às datas)

A) Socialismo feudal

  • Surge na França e Inglaterra, com a justificativa de ser o único meio de luta ideológico visto que sua força política era insignificante.
  • A restauração do Antigo Regime era impossível, então, essa aristocracia fingia um interesse único nos interesses do proletariado (contra a burguesia), em interesses de classe.
  • É um socialismo frágil, sem qualquer definição.
  • Ingênuo, pois mostra que a exploração difere da burguesa, mas ignora as circunstâncias dessas explorações e a dependência da existência da burguesia para a formação do proletariado.
  • Na verdade, a ordem social da época dependia da existência daquela classe.
  • O principal argumento é que, com a sociedade burguesa, a Antiga Ordem se romperia.
  • Outro argumento é a acusação (além de ter dado ao proletário meios de revolução) de ter criado a classe operária.
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    Foto de Friederich Engels, parceiro de Marx na escritura do Manifesto.
  • A aristocracia dessa época participava de todos os movimentos de repressão à classe operária, e tentava aproximar-se depois com a ideologia proposta anteriormente.
  • É mensionada a proximidade entre o socialismo feudal e o clerical/cristão.
  • “O socialismo cristão é apenas a água-benta com que o padre consagra o rancor da aristocracia.”

B) Socialismo pequeno-burguês

  • Surge apoiado numa ideologia baseada na “burguesia original”.
  • Essa “burguesia original” é a classe que se desenvolveu a partir do pequeno dono de terras e cidadão extra-muros da Id. Média (que originou a burguesia moderna, mas continua existindo).
  • O desespero dessa classe com o desenvolvimento da sociedade moderna (que erradicaria sua existência, a substituindo) criou essa literatura.
  • Deseja restaurar os antigos meios precários de produção e comércio, rompidos desde a passagem do feudalismo para o capitalismo. Portanto, pode-se concluir a classificação dupla dessa literatura: reacionária e utópica (uma vez formada, a sociedade não volta a ser como antes).
  • Há a análise de contradições no sistema produtivo, a exposição dos artifícios de economistas, efeitos do maquinismo e  divisão do trabalho, concentração de capital, entre outros.
  • Sismondi é o maior representante dessa literatura.

C) Socialismo alemão ou “verdadeiro”

  • Originário de uma literatura contra a luta da dominação burguesa em outros países que foi levada à Alemanha (vivia o absolutismo feudal, portanto, não tinha burguesia como classe dominante) sem adaptação de realidade alguma, sevindo de “arma” dos governos absolutistas alemães contra a burguesia.
  • É chamada de “filosofia da ação”, “socialismo verdadeiro”, “ciência alemã do socialismo”, “justificação filosófica do socialismo” e etc.
  • Esse socialismo perde o caráter de luta de classes, sendo uma “luta humana” em geral.
  • Essa literatura tem como objetivo manter a estrutura-base social alemã, impedindo a ascendência da burguesia moderna ao poder.
  • Essa literatura acaba em 1848, após uma tempestade revolucionária.

2° Socialismo conservador ou burguês

  • Atende à manutenção da sociedade burguesa.
  • Defendido por economistas, filósofos, humanitários, agentes melhoradoes da situação das classes trabalhadoras e etc.
  • Almeja a remoção de tensões sociais e estadia do modo de vida burguês, exigindo que o proletariado se satisfaça com a sociedade, abandonando suas insatisfações.
  • Não há a proposta de acabar com as relações burguesas de produção, mas sim mudanças simplesmente administrativas (sem mexer nas relações de trabalho).
  • Esse socialismo é, basicamente, a afirmação que os atos burgueses são em nome da classes operária.

3° Socialismo e Comunismo crítico-utópicos

  • Não se fala de uma literatura da época de Marx, mas sim das primeiras tentativas de imposição dos ideais do proletariado, qie deram errado pela má formação da causa e falta de condições materiais para isso (condições nascidas nas revoluções burguesas).
  • Pregam um desapego ao mundano em geral e um igualitarismo forçado.
  • Os escritores dessas literaturas entendem a opisição de classes, a eficácia dos meios de dissolução na sociedade dominante, mas não compreendem o proletariado como classe para uma revolução, mas sim como  classe mais sofredora.
  • Creem numa sociedade sem distinção, muitas vezes apelando à classe dominante e rejeitando movimentos sociais. Querem uma via pacífica, com a simples compreensão de seus ideais para a melhoria do mundo.
  • Criticam toda a sociedade existente, despertando no proletário uma revolta importante. Suas críticas exprimem, sem eles saberem, o fim do antagonismo de classes. Este, porém, só se forma tempos depois, ou seja, suas afirmações tem sentido utópico (no momento em que foram escritas).
  • No momento da escrita, os autores foram revolucionários, mas, com a reestruturação da luta de classes, seus seguidores tornam-se reacionários, pois desejam a reimplantação da luta anterior para a solução ideológica proposta.

4. Posição dos comunistas em relação aos diferentes partidos de oposição

  • Comuinistas, em geral, lutam para melhorar as condições de vida do operariado, além da luta pela Revolução.
  • Apóiam qualquer movimento contra a ordem política e social estabelecida, sempre evidenciando a questão da propriedade.
  • Ajudam na organização e união de partidos democráticos.
  • Sempre são abertos quanto aos seus objetivos maiores, que só são alcançados com Revolução.

Ponto parêntesis Léo: A Convocatória

Marx conclui o livro com uma clara chamada inflamatória (“Proletários de todos os países, uni-vos!”), demonstrando a crença em uma possível união e chegada dessa classe ao poder.
Ela nunca aconteceu fatidicamente, visto que todos os países ditos socialistas do mundo só tem democracia no nome, e portanto, ainda está por não acontecer.


Foi isso gente. Comenta aí se discorda com algum trecho da análise, ou sobre o próprio Marx, ou sobre o que der na telha.
Muito obrigado pela leitura, até a próxima!

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Elas passaram dever de casa- sobre o documentário "Lute como uma menina!"

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A ocupação das escolas que seriam afetadas pelo plano de reorganização escolar estadual do governador Geraldo Alckmin em 2015 foi o início de uma onda de rebeliões pelo Brasil. Na época, cerca de 200 escolas foram ocupadas, e o movimento chacoalhou as diretrizes do Governo, fazendo-o, inclusive, recuar em sua decisão. Foram mais de 1000 escolas ocupadas por secundaristas em todo o país em repúdio a PEC 55/241.

Mas não foi disso que vim falar (hoje).

O artigo é sobre o documentário lançado em 9/16 (novembro de 2016), com a direção de Flávio Colombini e Beatriz Alonso: “Lute como uma menina!” Com 1h e 16min, é uma aula sobre diversos temas sociais; consciência de classe, autonomia/autogestão, feminismo, abuso de autoridade, repressão de movimentos sociais numa suposta democracia…

O foco é nas chamadas “meninas de luta” que aprenderam consigo mesmas a resistência supostamente perdida a muito pela juventude brasileira. 100% de entrevistadas mulheres e uma visão de dentro das ocupações tão repudiadas pela mídia e pelos conservadores em geral, vale (no mínimo do mínimo) uma espiada.

Se quiser, já que está no LdM, vê um poema presente no documentário, escrito e interpretado por uma das secundaristas (Carla Prandini), chamado #Ocupatudo.

Após esta apresentação, você pode ver o documentário nesse link do youtube e depois ler a análise ou ver a análise e depois o documentário. Você que sabe, leitor.

Bem, chega de conversa, vamos lá.
(Mas para não perder o costume…)


AVISO: Será feita uma pequena análise. Devido aos temas tocados no documentário, obviamente a opinião do autor está expressa ali. Ela não condiz necessariamente com a do diretor(ra) da obra. O texto foi dividido em algumas partes conforme o tema abordado (dentro do documentário).  As imagens utilizadas aqui são provenientes do documentário.
Boa leitura!


Polo-sul paulista

Um elemento muito presente em todas as entrevistadas é o senso de luta autônoma. Os secundaristas se organizaram sozinhos, desafiando a visão conservadora de juventude irresponsável, sem maturidade para se organizar e ideologia feita para lutar por algo importante (como a integridade das escolas).
Como disse uma das entrevistadas, a escola é o lugar onde o adolescente mais passa o seu tempo e o objetivo das ocupações foi manter este lugar funcional.
A ideia de ocupar não é novidade; em MT já houve movimento com esta estratégia e a “Revolta dos Pinguins” chilena espalhou o método, inspirando os nossos secundaristas. Na verdade, a cartilha publicada pelo Mal-Educado (blog Grêmio Livre) sobre ocupação foi leitura dos primeiros no movimento.. Seguiu-se quase todos os preceitos ali escritos.
No início, ele fala da importância da organização de comissões para decidir e cuidar sobre temas diversos, parte quase decorada por manifestantes (algo a se notar, mas não criticar). Também sobre como a ocupação é o último instrumento de luta, após tentativas de diálogo e manifestos.
O trecho meio ignorado foi a instrução clara: a ocupação deve durar por volta de uma semana. As ocupações duraram meses.
A estratégia deu certo, e Maquiavel brindaria a conquista por adequar as regras às necessidades. Mas devemos observar a seguinte questão: durante este período, as escolas foram autogeridas por alunos, sem comando hierarquizado e centralizado.
Haviam aulas (claramente influenciadas pelo próprio movimento) de caráter social, cultural muito boas. Discussões acerca de temas cruciais para a sociedade brasileira, tais como racismo, machismo e pobreza feitos, um palco nunca antes dado àquelas pessoas (de acordo com depoimentos).
Claro, no atual sistema educacional a escola dos alunos não é muito boa; vivemos no período dos vestibulares conteudistas, não da procura por cabeças pensantes. O colégio público parece uma prisão e sua origem vem de um lugar relativamente parecido: os cartéis do General Franco (fascista espanhol).
A produção intelectual e cultural ali desenvolvida é de importância vital e a escola ali instituída deveria ser norte.
Outra característica do movimento interessantíssima foi a ausência de líderes. O grito “sem liderança” esteve presente em diversas manifestações, mostrado constantemente nas gravações. Infelizmente essa característica não se manteve por muito tempo, de acordo com Julia Durques, ex-secundarista participante das ocupações. Disse ela que, ao início a ausência de liderança e igual distribuição de tarefas acontecia, mas paulatinamente alguns tomaram frente nas decisões.
Mesmo assim, as escolas mantinham-se unidas no objetivo principal, acima da opressão policial, social e midiática. Há um conceito sintético para um dos motivos desta unidade (sem liderança ou organização vertical): consciência de classe. Ao se reconhecerem como classe estudantil, os alunos mantiveram a unidade (e, consequentemente, o movimento foi muito bem sucedido).


O Dandarismo

O documentário se propõe (até pelo nome) a explorar a participação feminina nesse movimento pela educação. E elas vem com força, mostrando que não tem nenhum “sexo frágil”, colocando o ideário igualitário entre sexos nas organizações escolares. Ele também olha para o ensino e vê a falta de personagens negras nos livros de história. Não falta herói, falta interesse.

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A polícia repreende movimento pela educação (fala muito sobre o país em que vivemos).

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Secundarista negra tomando voz de protesto em bloqueio de via, cena extremamente dandarista.

A erudição do movimento (mais um ponto desqualificando-o de estudantes sem o que fazer) vem quando ele põe em pauta nomes e conhecimentos até então escondidos. Entre eles, um muito curioso, interessante e importante: Dandara dos Palmares.
A personalidade cai como uma luva ao olhar o documentário. Apesar da dúvida de sua existência (como coloca a análise de Nei Lopes, com base em análises etnográficas, históricas e etc.), há a certeza da grandiosidade de seu nome e a falta de interesse do Estado. As lendas de Dandara são importantes por esta não seguir os padrões impostos até hoje, por sua voracidade por luta, amor à liberdade e coragem (reza a lenda de que se matou após ser presa, com pavor de ser escrava). Sua força está presente em todas as meninas de luta, inclusive na opressão policial.


Black blocs juvenis? Claro que não

Nas gravações, a violência policial é constante. São mostradas desde agressões físicas, psicológicas até bombas. Em estudantes se manifestando. Não há argumento a favor da polícia válido.
“Os policiais estavam defendendo a própria integridade”.

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Cena clássica: estudante em viatura (por querer estudar).

Contra um monte de adolescentes (em menor número) com carteiras escolares e cartazes? Desde quando secundaristas fazem parte (sem crítica ao grupo) dos black blocs?
“Eles bloquearam a rua, estavam atrapalhando o trânsito.”
Diálogo é o caminho para liberar a via. Não porrete, gás lacrimogênio (estragado, por acaso), bala de borracha.
Ainda pode ser feita a analogia das ocupações terem influência anarquista. Do ponto de vista autogestionário e luta por horizontalidade de decisões, é plausível. Dentro das escolas é outra história. Julia Durques diz que houve a ascendência de lideranças e o cooperativismo era amiúde falho, causando desentendimento (mesmo com uma parte dos estudantes se mostrando apoiadores do Anarquismo).
Como tudo no documentário, LCUM! mostrou a maneira com que o Estado trata movimentos sociais, pacíficos ou violentos: reprimindo.


A manifestação juvenil é de suma importância.
O atual movimento de ocupação por todo o Brasil vem das Meninas de Luta, e conhecer a história delas é essêncial para entender o maior movimento social dos últimos tempos no Brasil, e LCUM! é excelente para o conhecimento.
Espero que tenham curtido essa análise, esperamos trazer novidades sempre para o blog.
Clique aqui para ir ao documentário

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Temátematica

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A inquietude de minha cabeça
Me obriga a redigir
Mas para que um bom poema cresça
Uma boa idéia deve surgir
Não consigo mais escrever algo bom
Que ao ouvir acerte o tom
As rimas não necessárias
Fazem a minha escrita quase impossível
Mas todos os poemas tiveram cesáreas
Com um fim indiscritível
Confuso como aquela nuvem
Rápida, decidida e trovosa
Tento, e toda hora vem
Uma ideia fervorosa
Mas escapar ela sempre tenta
Textos perdidos mais de cinquenta
Inspiração não acho problema
Para isso basta música, amores e caminhada
O grande xis é meu tema
Para este não acho nada
A calmaria de minha mão
Me obriga a pensar mais
Mas o bom poema sai não
O barco continha no cais
Ele navega no mar do meu universo
E nem consigo tirar dali um verso

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Um vargas diferente?

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Leitor, abaixe suas armas por somente um momento. Para ler esse texto, seria extremamente interessante se você esquecesse sua Vontade Geral iluminista, misticismo hegeliano de nação, marxismo convicto. O Brasil demanda um pouco de realismo nesse momento, por parte de todos.
É inegável a tendência global da chamada “guinada à direita”. João Dória em São Paulo, Crivella no Rio. Macri, Brexit e Trump… a lista é gigante. Não tem mais como dizer o clichê do brasileiro não saber votar. Nessa mentalidade, o mundo não sabe votar, visão antidemocrática. A questão é: por que essa ascensão está acontecendo? O que o retrocesso social de Trump tem de atraente em comum a Crivella e Brexit?
Iniciemos com uma pequena análise da tal direita em ascensão. Seria o conservadorismo? Não, Dória não mexe em valores sociais (como Crivella e Trump), nem Macri. Imigração? É um problema grande somente aos olhos do hemisfério Norte. Neoliberalismo? Com um protecionismo proposto pelo (futuro) presidente americano e propostas contra globalização da saída britânica da UE, fica óbvio o não.
Não há fruto nenhum (como mostrado acima) na observação das propostas, pois são contraditórias entre si e específicas para cada situação. Mas e o povo? Será que há semelhança entre americanos, britânicos, argentinos e brasileiros?
A resposta é sim. A periferia paulista, o centro estadunidense, as cidades interioranas inglesas (para não falar também periféricas, comparadas à Londres) e o povo argentino tem um sentimento de insatisfação.
A economia americana melhora, mas duas coisas continuam ruins para a classe média americana, uma que incomoda e outra que deveria incomodar: a renda e a escola, respectivamente. A crise foi superada, mas os salários não compram o mesmo de antes. O Bilionário eleito mostrou ao povo medidas estúpidas “funcionais”. A falta de escolaridade jogou a favor do falso discurso, e o incômodo inexistente com a educação ridiculamente simplista para visão de mundo- objeto a não ser discutido nesse texto, por sua natureza filosófica (“como as coisas deveriam ser…” mas não são)- mostrou-se aliada fiel da falsa economia “trumpniana”. Colocar um inimigo comum causador dos males é uma maneira eficiente de convencer o povo americano, estratégia usada no macartismo, na caça aos comunistas, e agora (possivelmente) haja a perseguição aos imigrantes.
Imigração é tema comum ao Brexit, assim como as medidas falsas. O inglês da cidade grande votou como cidadão do mundo, o do interior, cidadão inglês. Enquanto Londres sabia que a economia, do jeito que ficaria com a saída da UE, não empregaria (ou empregará) a mão de obra penalizada pelas imigrações fortes. Também sabia que o dinheiro dado ao banco comum europeu era ínfimo comparado à quantia gerada pelo comércio com o resto da Europa. A oposição vociferou informações incompletas, e estas foram agarradas pelo povo, e a votação saiu como saiu.
O povo tem baixa escolaridade e tendeu a votar em quem deu soluções para a sociedade, posto antes ocupado pela esquerda. No Brasil, na prática, a esquerda foi mal representada pelo PT durante muito tempo. É de se esperar, portanto, uma quantidade estrondosa de votos no Haddad nas periferias de São Paulo, certo? Certo?
Errado. Pesquisas mostraram vitória majoritária de João Dória em São Paulo, em quase todos os colégios eleitorais. Isso reafirma o supracitado. Não se quer saber da origem da fortuna do prefeito eleito, mas de suas propostas para ajudar o povo, sejam estas propostas de caráter esquerdista (economicamente) ou Neoliberal. Não há interesse em ideologia, mas em propostas.
Qual a lição tirada de tudo isso? A classe intelectual, como disse Pondé, se fechou e, discussões ideológicas pouco interessantes à sociedade real, pois esta vê resultado, não caminho.
A direita vai subir ao poder no Brasil em 2018. Ponto principal é: qual direita é boa no governo? Caso a esquerda não se organize em torno de um candidato de centro-direita, com propostas para o social (além do caráter provavelmente neoliberal), subirá um radical conservador, como se deu nos EUA, e teremos 4 anos de xenofobia, homofobia e  machismo governando. Os momentos políticos recentes demonstraram isso: só gritar “não vai ter golpe” não adiantou nada, e se foi ou não, ficará a cargo da história decidir. Esperar que Brasília não seja presidida pela direita é apostar contra a tendência mundial.
A diferença vai ser: teremos um autoritário preconceituoso ou uma figura dialogável?

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Esculpindo

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Meus dedos deslizo em suas cachoeiras confusas… o que são? Decifrá-las é um passatempo e admirá-las quase obrigação inata. Permanecem dúvidas bobas em meio a cheiros conhecidos e saudosos, atração paradoxal nos cachos… são eles negros como teus olhos ou claros como a luz de tua alma?

Aí encontramos mais uma contradição. Se os olhos são a entrada da alma, como os seus são tão escuros? Não vê-se a tua leveza na cor, mas no jeito; a íris é suave e amorosa, acolhendo a minha menina carinhosamente, apesar de ela escorregar para o vermelho mais abaixo.

A cor é linda e vital. Mostra muito do que tu és para mim: o sangue corrente no meu corpo tem aquela cor. O sabor é diferente, mas atrai tal como se eu fosse um vampiro, alimentando-me de seus beijos, sendo iluminado pela tua cor, metabolizando teu perfume.

Como é penetrante este; em cada curva, cada pequena pele tem seus rastros. Isto pois não é essência artificial, mas natural do teu corpo.

Ah, como deslizo em cada parte… no peito acolhedor, o braço confiável e cintura feita a medida. Michelangelo tentava imaginar tal perfeição, mas era falho. Seu Davi pode ser modelo masculino, mas tu és o feminino, demonstrado no teu caminhar.  Teus passos são inocentes e soltos. Um rebolado leve pode ser percebido ao analisar de perto… mas fica exaltado quando vê uma dança. Aí perde tanto a imagem de criança, mas isso é ressaltado no amplo controle tido. Manipula para pisar e não sofrê-lo.

O passo é leve como o espírito, e a bondade na personalidade  agravante deste. Caminha até mim devagar, joga teu corpo no meu e deixa viver nossa vida. Ela será longa e bela, cheia de arrependimentos e risadas, acima de tudo por termos almas conectadas e compreendidas por si, assim como os corpos se entendem com facilidade. 

 

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Provocações

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Por que não podemos ter o mar e a lua?

Na madrugada tu não se incomoda,

Sobre isso não insinua?

Ver que o lindo reflexo

É inatingível como a forma sua?

Ter ambas partes é impossível

Seria um grande risco factível

Para um suicídio plausível


Qual o motivo de ter escuro e claro?

Entendo a presença de luz

Mas cientificismo como este só merece escarro

Desmerece atenção

Não questiona também

Se a explicação somente seduz

E na verdade tudo é bizarro?

Liberta-te dessa religião

Aprisionadora por profissão

Predadora da liberdade que lhe darão


“Dê a um homem asas para voar

E, do sol, ele chegará próximo demais”

É frase dita sem questões reais

Qual o problema de se queimar?

Deixe ele tocar o horizonte

Trará visões lindas à todos

O fará de muitos modos

Mas nenhum pela sorte

De jogar dados


Sejamos realistas

Reclamemos o impossivel!

Lutemos sem vitórias previstas

Gritemos para mostrar uma melhoria visível

Pois sonhar alto é como desejar as coisas antes vistas

Seremos Ícaros e queimaremos nossas asas e o mundo

Esclareceremos a sociedade até o despresível tornar-se imundo

Sejamos todos Ismálias e suicidemos um modo de vida, da desigualdade oriundo

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No país das correntes

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O Branco da Luz entrava por meus olhos lúcidos. Quem esquecera de fechar as cortinas? Não tive idéia do porquê de eu (possivelmente) teria feito isso. Não me incomodava, dentre muitas das coisas estranhas a minha volta, com a incompreensão do presente. Era preferível vivê-lo. É doce a sensação de acordar e não ter ideia de como parou ali. Simplesmente descer escadas.
Com a mão apoiando, segurei devagar e fui descendo,  saboreando cada passo dado. Ao fim da nem tão longa escadaria, senti cheiro de ovos. Meu peito doeu instantaneamente ao contato com o odor. Ignorei, apesar da intensidade, e sentei mesa. Pulei o café, fui direto ao almoço.
– Alicia querida… tudo bom?- Sentia a apreensão na voz de minha mãe
-Sim mãe… pode fazer um pra mim?
-Claro filha.
Por algum motivo, não conseguia identificar o elemento estranho na situação. A mesa suja de giz (natural, meus pais são professores), a cadeira vazia… era isso. Nem meu irmão não estava sentado, muito menos meu pai. Indaguei isso em voz alta, e fui respondida com um prato de ovos na mesa e uma rápida saída da sala, com o contato visual extremamente evitado pela parte dela.
Nunca tive uma preferência por companhias, todas são dispensáveis e inúteis, inclusive a de minha família. Já a muito eu era tratada como uma excluída, mesmo sem motivos aparentes, e minha rejeição pela sociedade era proporcional a exclusão por ela produzida. A refeição seguiu calma e lenta, terminei-a com apetite saciado.
Fui ao meu quarto para fazer a arrumação. Olhei os pôsteres; tanto trabalho para conseguir cada um deles, mas tão fácil sua perda, um rasgãozinho bastava para eu eliminar algum da parede. Seria meu perfeccionismo uma maneira de me distrair dos problemas sociais? Não lembrava de onde vinham os problemas, então, não havia resposta. Notei em um estrategicamente colocado para dividir meu quarto e do meu irmão- havia um pequeno furo na parede, suficiente para olhar e ouvir o do lado- e vi um borrão, trazendo a necessidade de  tirá-lo dali.
Ao removê-lo, vei meus pais e meu irmão conversando, em tom extremamente baixo, quase contando segredos. Tentei ler os lábios, mas não consegui. Olho um pouco ao lado e vejo mais um pouco de giz no buraco, apesar de não haver contato dos meus pais com aquela fissura. A última coisa que me lembro foi um grito seguido da palavra louca, trazendo um sentimento de desespero e uma longa respiração.

  • ●●

Dessa vez era escuro. Não tive ideia de onde estava. Meu quarto não era, pois eu repousava no chão frio e duro. Também não minha casa, o cheiro era muito estranho para isso e minha casa cheia nojento diferente. Aos poucos, eu voltei aos sentidos, sem a menor idéia do porquê estava ali. Essa memória não vinha, então assumi ser um desmaio. Ouvi uma voz conhecida, parecida com a de um colega de escola.
Foi super amigável comigo, quase inocente mas com um quê aproveitador. Ajudou-me a levantar, mas minha cabeça doía muito, tornando o raciocínio impossível. Passou a mão no meu corpo inteiro, tateia muito além que até um policial iria. Perguntou a mim se eu ainda tinha alguma coisa.
Supus o assunto ser planos, e contei a ele que não. Após isso, sou levada por ele até seu carro, onde ele dirigiu até alguma balada. Entramos lá facilmente.
A entrada é forte em minha memória; grandes quantidades de sacos em mãos de pessoas aleatórias, muita fumaça no ambiente e música abafando todos os outros sons. Vou dançar com o amigo, completamente chapado.
A partir daí, as memórias ficam mais fracas… não consigo lembrar muita coisa. Uma mesa suja, muitos cartões de crédito. Risadas altas. Mas, além de um beijo quente e pesado da mesma pessoa que fala, somente uma frase simples: Ela deve ser doente!

  • ●●

Um esfregão me acordou desta vez. A moça indelicadamente me mandou sair do local, e eu saio tropeçando. Negra, aparentemente velha (pela semi-calvície), extremamente rude comigo; mas segui suas ordens. Não tinha idéia de quando desmaiara, mas olhei acima e notei que o clube não era o mesmo do qual me lembrava.
Olhei algumas ruas, vagando sem destino ou pretensão e identifiquei estar na vizinhança de Chapa, um antigo amigo. Através de perguntas a desconhecidos, subindo e descendo a mesma rua, encontrei o local. Apareci em sua casa, em estado degradante, e pedi só para ser levada para casa.
Chapa perguntou sobre meu rosto, vermelho, e culpei  o maldito esfregão e a faxineira. Senti rosto entupido, suspeitando uma gripe forte, o nariz extremamente fechado para inspirar e expirar. Quando tocou meu braço, Chapa puxou minhas mangas acidentalmente. A dor causada por isso veio de duas direções: a psicológica, de ver linhas retilíneas no pulso as quais seguiam direções que não as da veia, sem razão aparente; e a física pelo atrito da roupa com o braço fazia um leve sangramento, denunciando o quão recente é o incidente.
Na hora, ligou para meus pais, e tudo corria relativamente bem, mas o maior problema foi a fala, desesperada, me tratando como louca.
-Ela não tem a menor ideia do que está acontecendo, dona. Alicia já perdeu a cabeça.

  • ●●

Lembro cenas após isso.
A ambulância me levando mas me sedando por algum motivo, com seguranças me prendendo à cadeira. Olhei para o espelho do teto e vi meus olhos vermelhos sangue, minha face roxa como se eu tivesse sofrido uma asficcia. Mesmo assim, não deixei de flagrar um sorriso enorme e desesperado de quem sente falta de algo.
O médico estranho me visitando dia sim, dia não. Sempre perguntando de meu apetite, mantendo uma distância sem sentido algum. Por que ele fazia isso?
Minha família me abandonando.
Lembro de ser trazida pra cá, numa cadeira de força, meus pais assinando um contrato. Lembro dos homens falarem para mim que eu estava perdida. Lembro de socar a parede de concreto extremamente raivosa por motivos desconhecidos por mim, nesse momento.
Com algemas fortes e sala branca, não sabia o porquê estava aqui. Só comia, olhava, pensava. Aqui, não dava pra socar a parede, ela é muito macia. Não tenho idéia de quanto tempo se passou. Aí o senhor veio e entrou na sala, colocou uma mesa.
-Agora sabe o porquê está nessa clínica, Alicia?
-Não.
-Agora sabe o porquê está nessa clínica, Alicia?
-Não.

-Responda a verdade.

 
Com um sorriso enorme e desesperado, olhos saltados, certos da resposta, falo:
-Todos ouvem vozes na minha cabeça;
O agente de preto pega um saco transparente com algo Branco dentro e joga com força na mesa.
-Não! Você também ouve?!
-Alicia, só faltam vozes na sua cabeça.

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Arquitetura (a)temporal

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O tempo tudo desgasta. Sem interferências externas à natureza, qualquer coisa cai.
As colunas sustentadoras, ao início de aparência invencível com seu concreto e cor alva, só necessitam de alguns meses para os primeiros sinais: manchas poluindo seu visual. Dê alguns anos e pedaços caem ao chão, fazendo rachaduras. Não é necessário falar que um tempo passará, e a coluna deixará de cumprir sua função.
O azulejo quebra com a queda do concreto. Mas, será que além do físico, ele já não está destruído? Ora, a pedra fora a primeira coisa a tocá-lo em anos… e não é esta sua função? O chão já não exerce sua função de apoio. Milênios passarão e pés nunca o tocariam. A dança não ocupou-o mais e a música, portanto, não chega nas paredes em ruína (as quais não cumprem suas funções de barrar sons).
Nas paredes só sobram os pregos de ferro já tomados pela ferrugem, quadros desbotados, uma cruz de madeira já devorada pelos insetos, prateleiras arruinadas pelo tempo. A função de acomodar enfeites já não existe e a desfeita com peculiaridades do lugar é vista pelo mundo afora. Ventos são sentidos com intensidade- sejam eles quentes ou gelados. A chuva entra por todos os lados, inclusive por cima, com a falência do teto.
A cobertura já não existe ou faz sentido. Sem colunas firmes, paredes silenciosas e chão acolhedor, o teto não precisa cobrir nada é muito menos ter apoio. A habitabilidade é impossível e o tempo implacável.
Note que, sem mudança, essa tendência é certeira. Acontecerá, goste o mundo ou não pois construções ruem.
Assim são relações. Necessitam de cuidados para serem estáveis em si, sentidas intensamente, firmes nelas mesmas e (o melhor) cuidado por ambos. O tempo estraga.
Mas, sabe como é né?
Contigo, me sinto em casa.

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Amor em SP- As crônicas de um fotógrafo

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Fotógrafo- Victor Dragonetti
Solitário é o sanfonista que, com muita boa vontade, solta notas a um casal. Eles, sem dó ou rétenção de suas vontades, se beijam só esperando.
Solitário é o homem, que ama a garota, mas espera o ônibus que a leva longe, onde sua menina geralmente está, deixando-o sem seu espírito.
Solitária é a garota, que não tem a coragem de contar a ele a verdade, e acabar com algo gostoso, mas temporário, pois espera o sentimento certo, não encontrado nele. Sente que perde tempo, assim como vai perder o ônibus na sua frente e nunca esquece isso.
Solitária é a outra garota, observando o casal beijando, tentando desviar o olhar e esquecer que ele pertence a outra. Possivelmente, ela está enganada, mas o olhar dele quase elimina a possibilidade: o amor nunca deixou o coração dela e sozinha sempre esteve desde que ele partiu, para estar com outra.
O mais solitário é o fotógrafo, que, apesar de não sentir nenhum dos sentimentos citados, quer sentí-los mais que tudo, mas a única coisa que pode fazer no momento é pegar sua câmera e recordar esse momento de complexidade sentimental paulista.
Porém, a maior dor é a do poeta, prosando em cima desse momento pois, para isso, ele sentiu na própria pele a solidão de observar um momento, a de ver um amor se distanciar, de não estar com um amor, de perder um amor e de desejá-lo intensamente.

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