Nunca é tarde pra tomar decisões.
Quando era mais novo, pensava mais imediatamente que hoje, ainda novo. Porém, agora, talvez num relapso de lucidez que vai me deixar tão rápido quanto demorou pra chegar, vejo que não há tempo melhor pra voltar atrás do que agora.
Não sou arrogante de afirmar que não há arrependimento que requer aceitação plena e um tanto de angústia, mas tenho certeza que estas são minoria, pequenas atitudes dentro dum oceano de possibilidades. Num dia só já são tantas… do despertar ao piscar de olhos anterior ao sono somos cercados inteiramente por escolhas, e amiúde tomamos as coisas como dada.
Por exemplo, um homem pontual sai de casa, e ao chegar no ponto de ônibus nota que esqueceu o guarda-chuva; o dia está nublado, as nuvens cinza-escuras e o cheiro de terra molhada conta uma história por si só. Neste momento, ele só pega o ônibus e volta molhado para casa ao final do dia. Ele aceita, logo ao início do dia, que ser pontual é natureza dada, e portanto o guarda-chuva esquecido é incompatível e não merece consideração. Ele não vê que tem a opção de chegar 10 minutos atrasado no trabalho para ao final do dia não se molhar. Decidiu sair de casa pontualmente, decidiu entrar no ônibus, e ao final do dia se arrependeu de não pegar o guarda-chuva.
O leitor atento dirá que ao final do dia era tarde para pegar o guarda-chuva, e para isso respondo: no dia seguinte, quando estiver no ponto novamente, ele terá a mesma escolha. E novamente irá escolher a pontualidade, para se frustrar ao final do dia. E então não será tarde, mas sim o momento certo.
Somos livres para escolher nossos venenos, seja ele a chuva no ombro ou a bronca do chefe, a dor da rejeição ou a angústia do segredo, a insegurança do novo ou a monotonia do velho, o tesão da incerteza ou a calmaria do constante.
A ousadia é uma amiga íntima da felicidade, e o ousado quem sabe está dois passos mais longe na maratona da alegria.