Esculpindo

Esculpindo

Meus dedos deslizo em suas cachoeiras confusas… o que são? Decifrá-las é um passatempo e admirá-las quase obrigação inata. Permanecem dúvidas bobas em meio a cheiros conhecidos e saudosos, atração paradoxal nos cachos… são eles negros como teus olhos ou claros como a luz de tua alma?

Aí encontramos mais uma contradição. Se os olhos são a entrada da alma, como os seus são tão escuros? Não vê-se a tua leveza na cor, mas no jeito; a íris é suave e amorosa, acolhendo a minha menina carinhosamente, apesar de ela escorregar para o vermelho mais abaixo.

A cor é linda e vital. Mostra muito do que tu és para mim: o sangue corrente no meu corpo tem aquela cor. O sabor é diferente, mas atrai tal como se eu fosse um vampiro, alimentando-me de seus beijos, sendo iluminado pela tua cor, metabolizando teu perfume.

Como é penetrante este; em cada curva, cada pequena pele tem seus rastros. Isto pois não é essência artificial, mas natural do teu corpo.

Ah, como deslizo em cada parte… no peito acolhedor, o braço confiável e cintura feita a medida. Michelangelo tentava imaginar tal perfeição, mas era falho. Seu Davi pode ser modelo masculino, mas tu és o feminino, demonstrado no teu caminhar.  Teus passos são inocentes e soltos. Um rebolado leve pode ser percebido ao analisar de perto… mas fica exaltado quando vê uma dança. Aí perde tanto a imagem de criança, mas isso é ressaltado no amplo controle tido. Manipula para pisar e não sofrê-lo.

O passo é leve como o espírito, e a bondade na personalidade  agravante deste. Caminha até mim devagar, joga teu corpo no meu e deixa viver nossa vida. Ela será longa e bela, cheia de arrependimentos e risadas, acima de tudo por termos almas conectadas e compreendidas por si, assim como os corpos se entendem com facilidade. 

 

Não perca mais textos do Literatura de Metrô! Clique aqui e entre na nossa lista de e-mails!

 

Leave a Reply