AVISO: Será feita uma nem tão pequena resenha. A partir das bolinhas pretas (tópicos) temos as melhores reflexões do livro, onde no tópico se encontra a estrutura: Parte, ano (Página). Boa leitura!
O livro é dividido em 4 “partes”, as quais, por sua vez, tem capítulos. O tema do livro é nazismo aplicado ao sul do Brasil, porém de uma maneira inusitada: o autor modifica a História, criando uma aproxima
ção de Getúlio Vargas e Adolf Hitler. No total, a trama se passa desde meados de 1930 até (quase) 1945.
Para contar essa história, Miguel apresenta 2 personagens principais, Adolpho (ou Trajano) Ventura e Hertha, mas usa o passado de muitos personagens na trama para narrar um enredo (apesar de fictício) extremamente realista. O autor ainda usa figuras históricas reais (como Benjamin Vargas e Gregório Fortunato) como personagens.
Achei o livro maravilhoso, vale completamente a leitura para se entreter, mas principalmente pela experiência histórica por ele trazida. Sanches é doutor em Teoria Literária (UNICAMP) e fez uma profunda pesquisa para o desenvolvimento desse romance (todas as fontes utilizadas localizam-se no final do livro, no capítulo de ag
radecimentos), dando uma base profundamente firme para o autor.
De crítica, senti um certo machismo pela parte do autor em uma ou duas partes (algo que para mim é triste, mas pode ser simplesmente pela natureza do livro), uso de certos consensos errôneos na narrativa (o uso da palavra anarquia de maneira errônea chamou minha atenção..) incomodou. É um livro para ser lido (pelo menos) duas vezes, pois a narrativa, com o final do livro, ganha outro significado.
Agora, vamos para os melhores trechos reflexivos, escolhidos por mim. Eles podem ser compreendidos sem a leitura do livro, mas com a leitura, ganham um significado muito maior… enfim, vamos lá.
- Neger, 1940 (Página 30)
“Mãos acostumadas às armas dificilmente amam virar páginas”
- A teoria do lobo, 1941 (Página 202)
“Diante da música, da alegria geral e da bebida, não restava a opção da tristeza, nenhum de seus remorsos prosperava, ela só podia se fazer alegre, não se achava feliz, porque felicidade era algo bem mais complexo, mas a expansão de alma podia ser experimentada na sua condição.”
- Kanibalen, 1941 (Página 276)
“O passado era sempre algo que se queimava rapidamente. Eles estavam abandonando a escravidão. Não queriam olhar para aquela parte das próprias vidas. Que desaparecesse logo. E que tudo que sobrasse fossem coisas carbonizadas, da mesma cor daqueles homens que se perdiam na noite que os absorvia”
É isso. Sim, trechos pequenos, e poucos, mas é um livro cujas reflexões acontecem em decorrência da situação em que o narrador onisciente está analisando, observando o passado das personagens, sua sensações e seus pensamentos delirantes.
Até a próxima!
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