Poesia em geral, de todos os tipos, para todos os gostos

Tudo são vontades

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Vontades.
Não me trazem vantagens
São mistos de quero e adoro,
Só aumentam se demoro
Se satisfaço, comemoro
Mas sei que mesmo com tanto cansaço
Desse sentimento me desfaço
Vontade.
Ela cresce do nada,
se disfarça de saudade,
De falta, tédio, sede
E até se acaba
Faz favor de voltar
Quando está de volta,
Escurece o pensar.

Tudo são vontades.

-R.C.

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Genuíno

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O amor de verdade pode ser bonito
E não temer perda
Querer felicidade
Mas quer dizer que meu amor,
O da realidade,
O que eu sinto
É falso?
Eu não preciso de amor budista
Só quero alguém que fique e insista.
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Ensaio resposta

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Já se foi a era da idealização
Os ensaios apaixonadas já não me apetecem
Eis aqui a desconstrução
De tudo o que acontece.
Se amor era reação,
A sua energia falta
Se havia tripartição
Mostro contagem mais alta.
Pois o amor de filho
Não é amor de pai
Amor perante empecilho
Ou amor que te distrai.
Se antes idealizado
Ele é temido
Nem perto de terminado
Mas não sei se consigo
Perante essa natureza volátil
Aceitar o sentimento sem batalha.
Antes era tão sensível,
Hoje só me atrapalha.
-R.C.
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Provérbio antigo

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Conhecer a si.
Poderia ter sido
Criado em si só
Uma omissão no ditado?

Zeugma, elipse
Talvez eclipse
De sintagmas complexos.

Conheça (o mundo)
A (partir de) si
Não seria absurdo.

Se temos poeira de estrela
Na formação química
Esta é a maneira cínica
De honrar aquelas

Dentro de mim,
Conheço todo um real
E me parece normal

As contradições
Acalmam-se
As direções
Apontam a si.

A dentro, claro
O palácio da mente
Sem insulto ou escarro
Só o doutor em paciente.

Então fiz assim:
Dentro de mim
Eu o conheci.
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Heresia

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Se meu destino transita
Entre o que é e o que imita
Distinguo o que me irrita, como me excito
E escolho o que rejeito, o que aceito.
Não vivo todo afoito,
Há o que me anima
Agora, com dezoito
Não posso ver por cima

E quão fácil seria?
Tratar ilusão como heresia?
-R.C.
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Falta

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Mais me dói
Saber que foi
Do que não ser
Quem diria...
Há 1 ano não poderia
Ter feito tanto estrago
Mas aqui me vejo
Expulsando um desejo
Por falta duma falta.
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Desabafo de agora

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Não penso em você
Mas se penso,
É com melancolia, não saudade
De quem era companhia sem maldade
E fica então essa vontade
De expressar o que vem do coração
Somente ao chegar a ocasião

Mas como disse,
Não penso em você.

-R.C.

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Ao menos vi um pouco além

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Tô tentando achar um equilíbrio
Um meio do caminho
Entre morrer sem limites tão cedo
Ou viver feito velhinho
O suficiente pra olhar pra trás
E ter consciência de que se houvesse mais,
Via menos
Consciência de que viver para sempre
Não podemos
Mas posso ao menos ver meus netos
Mas posso ao menos escrever livros

Enfim,
Há muita vida a ser vivida
Pra gastar numa rotina suicida
Mas também a vida é curta demais
Pra viver num constante estado de paz.

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Ódio intrínseco

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Algo que odeio e o quanto eu quero te odiar
Mas não consigo
Eu queria bater a porta, trancar, jogar a chave longe
Meter móveis na frente
Tudo pra não ver nada que toque tu
Rupi Kaur acertou na mosca:
O ar não tem uso,
A luz não é bem vinda,
A água sujismunda.
Mas não consigo.
Se fosse eu no teu lugar, não me perdoaria.
-R.C.
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