Ficou louco

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Tanto tempo em silêncio
Estou com medo da minha voz
Após anos a sós
Tenho medo de mim.
Hoje acordei assim
Apavorado para sair de casa
Sem ter desenvolvido asas
Como passarinho, me arremessam
Com ou sem espinhos não me interessam
O sol faz comigo
O que com as pedras faz
Sou nem inanimado ou antigo
Mas meu corpo aqui jaz
Sem mente,
Morro rápido
Somente
Corro, sólido
De mim. De tudo.
Sempre tem algo lá
Onde estou, o medo está
Pavor tenho, isso não mudará
Meu desempenho cai afinal
Me rendo à vida que vivi tão mal.

-R.C.

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A tua imagem

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Você é uma daquelas pessoas que eu sempre olhei de longe, ficava pensando como a gente daria certo. Daquelas de olhar foto e ver que a cor dos nossos olhos se balanceia e que seríamos fotogênicos.
Na verdade, quando via seu feed, percebia como eu podia ser bom pra você; tanto ali, no social, quanto no pessoal. Temos os mesmos interesses mas não temos nada em comum.
Eu sempre vi você e pensei como eu seria um bom namorado, melhor do que qualquer um seu até agora. Eu ia dormir na sua casa e te levar café na cama. Mesmo que todos fizessem isso, o meu é diferente. Eu desenho um coração, suas iniciais, um passarinho defeituoso na crema no expresso. Eu faço expresso. Eu pegaria textos e decoraria pra você.
Eu sempre achei que daríamos certo, mas nunca acertei se dá pra eu ser feliz.

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Ação e respiração

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Quando respiro,
É do teu mundo o ar
Quando choro,
A lágrima vem do teu mar.
Quando vivo,
É com batidas do teu coração
Quando agressivo
É tua essa e toda emoção.
Quando penso,
É sobre ti que divago
Quando tenso,
No teu colo acho sossego.
Quando sempre
Minha porta aberta
Pra que você entre.

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Mundo bom

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Gritar felicidade
É um bom jeito
De livrar-se do peito
Peso tirado com facilidade
Aquele não demonstrado
Só escondido
Em meio aos sorrisos expressos
Uma mágoa ristretta
À atenção restrita
Seguindo meus passos
Entenderiam tão fácil,
Mas como se não sou dócil?
Olheiras como rojões
Não uso maquiagem
Desleixo como mensagem
Nada dá questões
Talvez porque o que importa
É que sorrindo o mundo me suporta
E ninguém suporta chorões.

-R.C.

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Neruda que disse

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Meu amor é reflexo
Do seu
Ou só mero reflexo
Ao seu?
Reflito sobre tal
Virtualidade ou realidade
Quem sabe sou inteiro
Talvez só metade
Mas amor de metade não existe
Sou teu por inteiro
Ou fico solteiro
Meu amor reflete
Olho no espelho
Mas não me completo
Sal do velho Restelo
Num relacionamento complexo

-R.C.

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Hospita-lar

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Te quero ao meu lado porque tu tiras uma dor enorme do meu peito. É como um soro injetado na minha corrente sanguínea, removendo o mal estar.
Minha dúvida é se és morfina ou remédio. Tiras neutralizando ou atacando a causa? És tu, bem-amada, um paliativo ou cura?
Ainda não descobri, mas quero-te desde o acordar ao adormecer. Em ambos casos, me fazes bem.

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Luminosidade em Minas – As Crônicas de Um Fotógrafo

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Num mundo de viver-se procurando sombras em cavernas
Contemplo agora minha luz.
Se todos vai procurar saber e serão enganados, minha mãe sempre disse
Não sou todo mundo, não é tudo que seduz
Talvez não sejam grutas, sombras; mas óculos escuros em tabernas
Minha ascensão vem em forma de mulher que escolhe se abre as pernas
Não em bar, nunca foi meu estilo, mas numa biblioteca
De conhecimento da vida, externa
Um Vale do conhecimento tão sagrado quanto Meca.
Minha luz,
Que deu luz à escuridão que o amor me trama
Às inseguranças muitas que ficam claras a chama do sentimento de quem ama
Quem sabe vivemos num mundo no qual vive-se em busca de puro sexo
Mesmo ninguém entendendo qual o nexo
Talvez impulso natural de vida;
Talvez só desejo de diversão
Mas saem em busca de sexo puro
Mesmo que tem demais e de tanto ver são, do anterior, versão
Ainda entusiasmada com coisas estranhas…
Buscam pelo puro, mas a sós veem de incestos a estupros,
De simplicidade de contexto a coisas de revirar entranhas.

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Foto por Nicole Ilário

Para isso não precisei da luz,
A esse tipo de loucura não me expus.
Ah! não sei se somos presos à caverna de Platão, acorrentados e privados de visão
Definhados a ver sombras por toda vida e agradecer pela falta de opção
Mas olho para ela e vejo mais que esperança, mas salvação
Não pra pureza, mas pela certeza, pela convicção
Que mesmo sendo sombra, claramente tem razão.

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Tempo pra nada

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Calma,
O tempo é seu amigo
Mas amigos traírem é um perigo
Possível e plausível de karma
O tempo vai deixar como está
Mas exponenciado
Se bom, melhorado
Se ruim, só vai piorar
Use seu tempo direito
É um direito seu gastá-lo
Mas gastando certo
De certo irá aproveitá-lo
Você só vai perder tempo
Não importa o que fizer
A tarde fechou o tempo
Agora nada pode fazer.

-R.C.

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Exageros

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Venta muito na sacada
E a fechei com vidros
Quando ficas em mim vidrada
Sinto que os olhos dão tiros
Por isso ando de cabeça baixa
Para não ter que fechar de verdade
Meu rosto da realidade
As plantas estavam grandes
E as tirei do sol
Cansado de escalar os Andes
Dei dois tiros de franol
Quando no tipo grito ao mundo
O que só a ti queria ter dito
Teu amor é muito, não consigo.

-R.C.

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Ser e estar

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Meu filho, seja ele um Ezequiel, Gabriel, Leonardo ou Augusto, terá de aprender o valor da mudança. Da transição, da adaptação.
Não irei, em hipótese alguma, dar a casa perfeita para ele viver sua infância, adolescência e ida à vida adulta. Não, ele verá a casa mais simples tornar-se a mais retocada. Ele irá, quando pequeno, brincar no chão com seus brinquedos, este ainda de concreto. Ao sentir suas nádegas doendo, reclamará ao pai, vou ouvir sua reclamação e fazer o que diz a cartilha – ignorar, por hora.
Nos dias seguintes, a frequência de reclamação deverá diminuir, e o menino agora estranhará o chão atapetado da escolinha, sentirá o pátio mais natural. É neste momento que trarei o carpete para o chão da casa. Instalarei-o do dia para noite e, ao jogar-se no duro, sentirá maciez e receptividade. Ainda sim, como faz toda criança, reclamará. E muito.
Minha esposa desaprovará o devido carpete, me forçando a escolher outro, saciando a reclamação do pequeno. Ainda sim, não importa a quantidade de vezes que eu trocasse, ele pediria o chão.
Anos após, decidiremos mudar de casa. Ele, já mais velho, relutará. Conhece amigos na rua, brinca de esconde-esconde (sabendo seus esconderijos). Quando mudarmos, verá a casa vazia (maior do que a primeira) com os velhos móveis. O cheiro da madeira confortará seu pavor pela novidade. Por mais que o chão difira, não influenciará na sua opinião.
À noite, chegando cansado da escola e de suas atividades extracurriculares, ligará o chuveiro na busca de refresco. Este será o primeiro baque. Não me leve à mal… tem algo muito pessoal na área de banho que mexe diretamente com o ser inteiro. É a forma com a qual cai a água (mais concentrada ou dispersa); a cortina ou um box; como liga o próprio chuveiro.
Ao começar seu banho, meu filho terá a visão estranha de que, em toda sua vida (12 ou 13 anos) nunca percebera como devidos banhos começam diferentes de outros. Olhará para o azulejo da parede e verá imagens implícitas (potenciais reflexões enquanto a água cai). Verá a cortina de pano ventando para cima dele, notará no padrão da queda d’água (tão distinta de nossa antiga residência).
Esta pesquisa visual de 2 minutos se repetirá para todas as casas de sua vida. E sempre, no quinto banho, ele já estará conectado com o ambiente e sua nova rotina.
A cama, a luz, a cor da parede, a textura da maçaneta, entre outros milhares de detalhes serão de suma importância para definir o que é sua casa. Em cada uma que eu levá-lo, ele irá experimentar de tudo.
Só assim ele entenderá que a mudança, a transição e adaptação são faces dum todo maior: o da existência. Tudo muda durante um tempo e se estaciona. O ambiente segue mudando, gerando a necessidade de adaptar e, eventualmente, mudar também… o ciclo é inacabável.
Só assim ele entenderá que, a beleza da perfeição é nunca ser alcançada, mas perseguida, levando para caminhos esplêndidos e completamente diferentes.

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