Adeus

Me pergunto como faria
Se me pedissem um último poema
Será que falaria
Sobre ti ou outro problema
Talvez algo diferente
Para o assunto ser convergente
Me pergunto com quem
Falaria se me concedessem uma última conversa
Não sei se existe alguém
Tão específico para desenvolvê-la sem pressa
Você não seria nunca, sei que
Não saberia o que falar a ti
Onde estaria
Se tivesse um lugar pra morrer?
Terra tão idêntica, só muda cultura
Não acho que diferença faria
Já que fecharei os olhos a esquecer
Indo pro próximo mundo pela sepultura.
Me pergunto se amaria
Caso me dessem essa opção
Mas com certeza deixava fria
O calor doloroso que é meu coração
Que me queima sem pedir
E dói sem se despedir
Agora pergunte de novo
Se falaria de ti no meu último escrito
Pois aqui estou, num quarto sem grito
Cautelosamente lhe escrevendo, pisando em ovo por ovo
Enquanto a arma desmonto, remonto
Tu podes recusar, fingir que não é contigo
Mas a assinatura que deixo não é traçado
Mas sangue não muito antigo
Tirado num estalo sem final, dando fim ao perigo
De uma vida já sem ti, já sem libido.

-R.C.

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