Insônia

Escrevo pelas paredes os versos cuja recitação foi falha a você. Eles me torturam. Escravizam minha mente, forçando-me a não pensar em outra pessoa, situação. Não há espaço nem para sonhos, estudos ou sequer leituras. Tudo é pesadelo.
Qual a tinta dessa (anti)poesia? Não há definição deste vermelho. Pode ser meu sangue ou o teu, nunca saberemos. Os cortes feitos em um são sentidos no outro. Que lindo é o amor… partilha do pão e vinho; no caso do corpo e do sangue.
Agora entendo a não-diferenciação da tinta. Ela é uma só, removida de um só local, extraída em uma só dor. Seria a briga, então, uma auto-mutilação voluntária? O “tempo” uma dupla-personalidade?
Te culpo sim pela loucura trazida pela privação da necessidade humana mais irracional- tu tirastes de mim o amor e como consequência, se foi meu sono. Junto do sono, esvai-se a vida, deixando-me sem vitalidade alguma. Já não conheço visão se não a turva; sensação visual que não a ardente; gosto de não o salgado de minhas lágrimas e talvez o de sangue arrancado dos lábios perante o desespero.
Sou obrigado por este sentimento a fechar-me em mim. Sou todo escuro. Sou todo buraco. Gauche de mim mesmo, sinto peso nenhum comigo se não o da sua perda, e ele é suficiente para me jogar no chão.
Não é suficiente para desligar minha cabeça.
Não é suficiente para cansar.
É o que basta para me enlouquecer.

-R.C.

Este post tem 2 comentários

  1. luananodari

    Para essa lindíssima poesia eu responderia exatamente com um gif que eu postei hoje na minha página. Toda relação tem que ter sentimentos iguais, quando um se doa mais que o outro, há um sofrimento enorme e desnecessário.
    Senti a dor que o Renato Cunha quis passar e o peso da angústia que a poesia traz.

    1. Renato Cunha

      Muito obrigado pela indicação e pelo elogio! O pessoal da página vai postar o GIF (muito bem colocado).
      Agradeço pelo comentário.

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