A sombra


Em nossa vida, andamos à procura de ídolos. Sim, ídolos. E em nossa cabeça, eles são exemplos, idéias. Eu ouso dizer que, nela, são feitos de pedra, imutáveis e invencíveis.

Quando pequenos, eles são nossos pais. Fortes, rápida, inteligentes, e de uma forma a parecer consciência de tudo e de tudo poder fazer. Crescemos um pouco, e viram os super-heróis. Com sua coragem, benevolência, sempre dispostos a ajudar o próximo, eles são os favoritos das crianças. Entre a infância e adolescência, temos um período onde os ídolos são distantes, mas próximos por bombardearem nosso dia a dia: celebridades. Seja ela da música, cinema ou TV, a admiração é enorme. Há quem ame Justin Bieber, há quem seja vidrado em Axl Roses. Há quem idolatre Jonny Depp, também quem idolatre Emma Watson. Depois, dividem-se muito; há quem veja em Ghandi um exemplo. Há quem nunca não solte palavras que não sejam de admiração sobre Nikolas Tesla. Eles são símbolos de revolução, mais próximos mas ainda longe… Com o amadurecimento, a idolatria muda. Passamos a admirar coisas próximas do cotidiano, como um chefe, um professor da faculdade, um político ativo. Até mesmo pensadores, nomes desconhecidos pela maioria, mas por quem você sente uma admiração enorme.

Há quem tenha admirações muito mais complexas. Já houve demonstrações de admiração por si mesmo, o que chamamos popularmente de narcisismo (o que não necessariamente é a definição correta, mas não convém). Numa linha próxima, mas longe de parecida, temos a admiração por si mesmo, mas no futuro- mais precisamente, em respeito ao dono discurso, 10 anos. A filosofia por trás disso, não é o narcisismo, mas a expectativa que temos de nós mesmos, de tal forma, que nunca seremos nós em 10 anos.

Descobri meu verdadeiro ídolo em um lugar extremamente incomum: na sombra. Nela, ficamos muito próximos de nossa idade (diferente de nós em 10 anos) mas muito melhores. Nossa sombra é alguém muito melhor que nós mesmos, por ser a versão mais natural e nua, não a escondida por trás de roupas, atitudes falsas e máscaras. Não me entenda mal, não estou julgando a existência tudo isso, esse não é meu objetivo. Mas, é muito claro o fato de, quando a luz bate em você e forma aquela linda filha numa parede, pano, uma sombra ela não tem todos os pesos carregados por você. Ela mostra seus músculos de forma acentuada, sua expressão sempre condizente com o corpo, ou seja, verdadeira. Sombras não transmitem falsos sorrisos, somente respirações apaixonadas. Por isso, meu herói, ídolo, objetivo, é a minha sombra, apesar de eu nunca conseguir ser exatamente ela, pois, assim como eu, ela é instável. 


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Este post tem um comentário

  1. luananodari

    Ótima inspiração e reflexão… Analisar quem é o ídolo por detrás daquela sombra, tem que ser feito na mesma proporção que qual é a ideologia por trás desse discurso?
    Muito orgulho de ler suas idéias. 😉

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